
|18 de outubro de 2025 |
BOSTON – Pelo menos 14 ciclomotores foram retirados das ruas de Boston após operações de fiscalização nos últimos dias, anunciou o Departamento de Polícia de Boston (BPD) na quinta-feira. Contudo, embora essas apreensões sinalizem um esforço contra o caos urbano, revelam falhas estruturais na economia de aplicativos e na gestão do trânsito. A iniciativa responde a “preocupações contínuas com a segurança pública” ligadas a ciclomotores e scooters, incluindo violações de trânsito e crimes violentos, segundo o BPD.
Na quinta-feira, três ciclomotores foram confiscados no centro, com a prisão de Brian Santos, 35 anos, de Lynn. Testemunhas relataram imprudência: Brian cortou o acesso de um condomínio em One Charles, desrespeitando pedestres e veículos, e ignorou o cruzamento das ruas Eliot e Columbus. Ao receber ordem de parada, acelerou e fugiu a pé após confronto, enfrentando acusações como dirigir com licença suspensa e resistência à prisão.
Na quarta-feira, 11 ciclomotores foram apreendidos em Hyde Park, com multas por falta de registro e seguro. O BPD solicita denúncias pelo 911 ou anonimamente pelo CrimeStoppers (1-800-494-TIPS). Não é um caso isolado. Operações como “Safe Scooter” em South End e Dorchester resultaram em dezenas de apreensões desde o início de outubro, incluindo prisões e até a captura de uma arma de fogo.
O comissário Michael Cox e o chefe de operações Jascha Franklin-Hodge enviaram uma carta a empresas de entrega, como DoorDash, criticando o “aumento alarmante” de operações ilegais por seus entregadores. O vereador Ed Flynn qualificou a situação como uma “crise de segurança para pedestres”. “Ciclomotores e e-bikes cruzam sinais vermelhos a mais de 32 km/h diariamente – ninguém sensato acha que as regras são opcionais”, declarou Flynn que propõe banir veículos motorizados em entregas de terceiros, acusando aplicativos de priorizarem velocidade em detrimento da segurança.
As apreensões são um avanço louvável em uma cidade onde calçadas parecem zonas de risco. Denúncias anônimas fortalecem a vigilância coletiva. Contudo, o problema é mais profundo: a ganância algorítmica das plataformas de entrega transforma trabalhadores precários – frequentemente imigrantes – em condutores imprudentes em veículos baratos e sem registro.
Elétricos ou a gasolina, esses ciclomotores prosperam na desregulamentação. Uma portaria de fevereiro exige alvarás para aplicativos, com dados de seguro e responsabilidade. A DoorDash reclama de custos elevados, mas com mais de 100 queixas anuais.
A vereadora Erin Murphy argumenta que leis atuais bastam, desde que aplicadas rigorosamente. Ela Tem razão: por que criar burocracia se os infratores escapam a aplicação da lei em tribunais lenientes? A proposta de Flynn é dura, mas ignora trabalhadores vulneráveis. Sem regulamentações necessárias – como limites de velocidade via GPS e vias dedicadas –, as apreensões são apenas paliativos.