Da Redação – Um brasileiro foi responsável por intervir e impedir que um homem continuasse um ataque a faca perto da escola primária Gaelscoil Colaiste Mhuire em Dublin, na Irlanda, na quinta-feira, 23.
De acordo o jornal irlandês ‘The Journal’, Caio Benício, um entregador niteroiense de 43 anos, desmontou da motocicleta e acertou com um capacete o suspeito, acusado de esfaquear uma menina, de 5 anos, e uma mulher, de 30 anos, com gravidade.
Outras duas crianças, um menino de 5 anos, que já recebeu alta do hospital, e uma menina de 6, sofreram ferimentos mais leves.
“Nem tomei uma decisão, foi puro instinto e tudo acabou em segundos. Ele caiu no chão, eu não vi para onde foi a faca e outras pessoas entraram em cena”, disse o brasileiro ao The Journal. Ele ainda se lamentou por “não ser mais rápido” já que recentemente operou um dos joelhos.
Natural do Rio de Janeiro, Caio Benício está na Irlanda desde dezembro de 2022 após seu restaurante pegar fogo em Niterói e optar por reconstruir a vida em outro país. Ele é pai de uma estudante universitária, de 18 anos, e de um menino, de 11 anos, que ficaram no Brasil.
“Eu também tenho dois filhos, então tive que fazer alguma coisa. Eu fiz o que qualquer um faria. As pessoas estavam lá, mas não puderam intervir porque ele estava armado, mas eu sabia que poderia usar meu capacete como arma”, conta sobre o ataque em Dublin.
“I did what anyone would do. People were there but they couldn’t step in because he was armed, but I knew I could use my helmet as a weapon.”@eimer_mcauley spoke with the man who intervened and stopped the attacker on Parnell Street today. Read more: https://t.co/wH9b0jkrIr
— Sinéad O’Carroll (@SineadOCarroll) November 23, 2023
Protestos em Dublin
Os manifestantes que participaram dos violentos confrontos de quinta-feira, 23, à noite em Dublin “envergonharam a Irlanda”, disse o primeiro-ministro, Leo Varadkar, condenando os incidentes. Durante várias horas, o centro da capital irlandesa foi palco de confrontos em um bairro fortemente imigrante, com manifestantes queimando veículos e saqueando lojas.
As autoridades rapidamente atribuíram estes incidentes à extrema direita, culpando os rumores que se espalharam nas redes sociais sobre a origem do autor do ataque, supostamente, um estrangeiro argelino, em um contexto de crescente discurso anti-imigração no país.
Até o momento, a polícia apenas informou que o autor do ataque pertence a uma “facção lunática e hooligan impulsionada por uma ideologia de extrema direita”, alertou contra a “desinformação” e optou por não comentar sobre a nacionalidade do suspeito. O suposto agressor está no hospital com ferimentos de faca e sendo interrogado para esclarecer os motivos da agressão.
“Essas pessoas (que estiveram envolvidas nos incidentes violentos) afirmam defender os irlandeses”, mas “põem em perigo os mais inocentes e vulneráveis”, declarou o primeiro-ministro Leo Varadkar em coletiva de imprensa. “Eles são uma vergonha para Dublin, uma vergonha para a Irlanda, uma vergonha para as suas famílias e para eles próprios”, acrescentou.
A polícia irlandesa anunciou ter detido 34 pessoas, mas alertou para a possibilidade de mais detenções, depois que onze carros da polícia foram incendiados, agentes da lei foram atacados com projéteis e uma dúzia de lojas foram saqueadas.
“O que vimos ontem à noite foi violência extrema, com cenas que não víamos há décadas”, disse o comissário da polícia, Drew Harris, nesta sexta-feira, temendo mais incidentes.
Nos últimos anos, cresceu na Irlanda um discurso contra a imigração por parte de certas figuras da extrema direita, alimentado pela crise imobiliária no país. A extrema direita denuncia em particular o aumento do número de refugiados no país.
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Com informações da AFP