Olá, meus caros leitores, hoje venho falar de algo muito sério, gostaria de iniciar focando um grande equívoco: Acreditar que basta ser criança para ser um poço incondicional de bondade inocente. Costumava causar impacto ao afirmar, politicamente incorreto, que as crianças são naturalmente más. São elas que agridem os menores, pisam em formiguinhas, tocam fogo no rabo do gato, são egoístas ao extremo, querem tudo para elas próprias, judiam dos mais fracos e participam do fenômeno conhecido por Bullying.
De fato, isso não é ser bonzinho…será que se reserva apenas as crianças… Bullying, devido a dificuldade em traduzi-lo para outras línguas a adoção do termo bullying passou a ser universal. Em 2005, durante a realização da Conferência Internacional Online School Bullying and Violence, concluiu-se que o amplo conceito da palavra bullying difi culta a escolha de um termo correspondente em outros idiomas.
A palavra “bully” em inglês signifi ca valentão, assim, bullying é um termo utilizado para descrever atos de violência física ou psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo ou um grupo com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo incapaz de se defender. Assim sendo, o termo bullying descreve uma forma de ofensa ou agressão de uma pessoa ou um grupo sobre alguém mais fraco ou mais vulnerável.
A rigor a psiquiatria não teria nada a ver com o bullying em si, principalmente por se tratar de um comportamento vindo de pessoas supostamente normais, pessoas apenas com carência de valores morais e com elevada dose de maldade. A psiquiatria não deve se envolver em ambiente tão sórdido, deixando para essas questões éticas soluções éticas e de responsabilidade de nosso sistema sociocultural. Mas a psiquiatria deve se ocupar sim, das consequências extremamente patológicas e mórbidas que o bullying pode produzir em suas vítimas.
Nesse caso a psiquiatria pode e deve envolver-se, juntamente com a cumplicidade de outros setores da sociedade, pois não se trata de poucas pessoas envolvidas. Segundo, Aramis e Lauro o Bullying pode se manifestar de quatro formas diferentes: verbal, físico, psicológico e sexual. Referem pesquisas onde a maioria dos alunos vitimados por Bullying destaca como a situação mais frequente a identificação por apelido com maldade e com propósitos de humilhação Normalmente existem três tipos de pessoas envolvidas nessa situação de violência: o expectador, a vítima e o agressor.
O expectador é aquele que presencia as situações de Bullying e não interfere. Sua omissão deve-se por duas razões principais: por tornar-se inseguro e temeroso e por isso sentir medo de sofrer represálias ou, ao contrário, por estar sentindo prazer com o sofrimento da vítima e não tem coragem de assumir a identidade de agressor.
A vítima, por outro lado, costuma ser a pessoa mais frágil, com algum traço ligeiramente destoante do modelinho culturalmente imposto ao grupo etário em questão, traço este que pode ser físico como: uso de óculos, alguma deficiência, cor ou nacionalidades diferentes ou até não ser tão bonitinho… ou emocional, como é o caso da timidez, do retraimento… A vítima costuma ser uma pessoa que não dispõe de habilidades físicas e emocionais para reagir, tem um forte sentimento de insegurança e um retraimento social sufi ciente para impedi-la de solicitar ajuda.
Normalmente é uma pessoa retraída e com dificuldades para novas amizades ou para se adequar ao grupo. A vítima é frequentemente ameaçada, intimidada, isolada, ofendida, discriminada, agredida, recebe apelidos e provocações, tem os objetos pessoais furtados ou quebrados. No ambiente familiar a vítima apresenta sinais de evitação, medo ou receio de ir para escola, mas, não obstante, como dissemos, não procura ajuda dos familiares, professores ou funcionários da escola.
Tudo isso acaba fazendo com que a vítima troque de escola frequentemente, ou pior, que abandone os estudos. Nos casos mais graves a vítima contumaz acaba desenvolvendo uma severa depressão, podendo chegar a tentar ou cometer o suicídio.
Os agressores no Bullying são, comumente, pessoas antipáticas, arrogantes e desagradáveis. Alguns trabalhos sugerem que essas pessoas vêm de famílias pouco estruturadas, com pobre relacionamento afetivo entre seus membros, são debilmente supervisionados pelos pais e vivem em ambientes onde o modelo para solucionar problemas recomenda o uso de comportamento agressivo ou explosivo.
Há fortes suspeitas de que as crianças ou jovens que praticam o Bullying, principalmente os líderes, têm grande probabilidade de se tornarem adultos com comportamentos antissociais, psicopáticos e/ou violentos, tornando-se, inclusive, delinquentes ou criminosos. Normalmente o agressor acha que todos devem atender seus desejos de imediato e demonstra difi culdade de colocar-se no lugar do outro.
Até a próxima semana!!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC –Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em
Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualifi cações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jsnewsusa.com