
Uma pesquisa recente da CBS News/YouGov, publicada em 20 de julho de 2025, revela uma mudança significativa na percepção pública sobre as políticas migratórias e econômicas do presidente Donald Trump. O apoio ao seu programa de deportação em massa caiu, enquanto cresce a pressão para que o governo priorize a redução dos preços, em vez de impor tarifas, como as aplicadas ao Brasil. A pesquisa também destaca os efeitos econômicos dessas medidas, agravados pela tensão geopolítica, enquanto um acordo comercial com a Argentina tenta, com limitações, preencher a lacuna deixada pela redução das importações brasileiras.
Realizada entre 15 e 18 de julho de 2025, a pesquisa da CBS News indica que o apoio ao programa de deportação de Trump caiu para 49%, contra 54% em junho e 59% em fevereiro. Pela primeira vez desde o início de seu segundo mandato, a desaprovação superou a aprovação, alcançando 51%, ante 46% no último mês. Um fator central para essa mudança é a percepção de que o governo tem direcionado esforços para deportar imigrantes sem antecedentes criminais perigosos, com 56% dos entrevistados apontando essa abordagem, contra 47% em junho.
A operação de centros de detenção também enfrenta forte rejeição, com 58% dos americanos contrários ao seu uso. Entre a comunidade hispânica, a desaprovação é ainda mais acentuada, com 60% considerando o programa injusto, especialmente pela percepção de que alvos hispânicos são desproporcionalmente visados. Dados de uma pesquisa da Gallup mostram que a aprovação de Trump na questão migratória entre hispânicos caiu 14 pontos, para 21%. A repressão a protestos contra as deportações, como o ocorrido em Los Angeles em 6 de junho, com uso de gás lacrimogêneo e balas de borracha, intensificou a insatisfação. Segundo uma pesquisa da Quinnipiac University, apenas 43% aprovam a gestão de Trump na imigração, enquanto 54% desaprovam.
Preocupações Econômicas: Tarifas e Inflação
No âmbito econômico, a pesquisa da CBS News reflete uma frustração crescente com a falta de foco de Trump na redução dos preços. 70% dos americanos acreditam que o presidente não está priorizando a contenção dos custos, enquanto 61% desaprovam sua abordagem à inflação, um aumento em relação a junho. A aprovação geral de Trump caiu para 42%, ante 53% em fevereiro, com sua gestão econômica agora em território negativo.
As tarifas impostas pelo governo Trump, incluindo uma sobretaxa de 50% sobre as exportações brasileiras, anunciada em 9 de julho de 2025, são motivo de particular preocupação. Em 2024, o Brasil exportou US$ 40,3 bilhões em produtos para os EUA, incluindo aço, café e carne bovina, sendo o segundo maior parceiro comercial após a China. Economistas alertam que essas tarifas podem elevar os preços ao consumidor, já que exportadores brasileiros tendem a repassar os custos adicionais.
A pesquisa da CBS News aponta que 60% dos americanos rejeitam essas tarifas, temendo seus impactos inflacionários a curto e longo prazo. Comentários em plataformas como o X reforçam que os consumidores americanos, e não o Brasil, arcarão com os custos, à medida que os preços de produtos como café e carne bovina aumentam.
A Reuters informou que frigoríficos brasileiros já estão reconsiderando suas exportações para os EUA devido às tarifas. Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s Analytics, alertou à CBS News que tarifas prolongadas podem desencadear “recessões graves” tanto nos EUA quanto nos países afetados, especialmente se houver retaliações comerciais. Embora o Índice de Preços ao Consumidor de maio tenha registrado uma inflação anual de 2,4%, economistas como Gregory Daco, da EY-Parthenon, preveem aumentos de preços nos próximos meses à medida que as cadeias de suprimento se ajustam.

Para mitigar os impactos da redução das importações brasileiras, o governo Trump firmou um acordo comercial com a Argentina, liderada pelo presidente Javier Milei, aliado próximo de Trump. O acordo, elogiado por figuras como Steve Bannon como parte da agenda “América Primeiro”, visa aumentar as exportações argentinas de carne bovina e outros produtos para suprir a lacuna deixada pelo Brasil.
Contudo, analistas advertem que a capacidade exportadora da Argentina é limitada em comparação com a do Brasil, que dobrou suas exportações de carne para os EUA no início de 2025 e aumentou em mais de 40% os embarques de café. A insuficiência da oferta argentina pode levar a escassez e elevação de preços, agravando as preocupações inflacionárias dos consumidores americanos. Além disso, o acordo com a Argentina não resolve os impactos das tarifas impostas a outros países, como China (104%) e Vietnã (46%), que também contribuem para a pressão sobre os preços.
A estratégia de Trump, que combina tarifas com objetivos geopolíticos reflete uma abordagem de alto risco que pode desestabilizar ainda mais as cadeias globais de suprimento.
A pesquisa da CBS News expõe uma polarização crescente. Enquanto 91% dos republicanos continuam apoiando o programa de deportação, os independentes (59% de desaprovação) e os democratas (86% de desaprovação) mostram rejeição significativa. Essa divisão se estende à percepção econômica, com republicanos do movimento MAGA expressando otimismo, enquanto 75% dos americanos acreditam que as políticas de Trump estão piorando sua situação financeira. As tarifas sobre o Brasil, vistas como uma ferramenta geopolítica, também geram tensões internacionais.
À medida que o segundo mandato de Trump avança, a interseção entre suas políticas migratórias e comerciais moldará o futuro político do país. A pesquisa da CBS News indica que os americanos estão mais preocupados com a estabilidade econômica do que com medidas migratórias rígidas, com 70% exigindo foco na redução de preços ao consumidor final.