Orlando, Florida (JSNEws) – Todos os anos, mais de um milhão de canadenses, conhecidos por migrarem para o sul durante o inverno, em busca destinos mais quentes, com muitos optando por passar a temporada na Flórida. Contudo, com o atual cenário político e econômico essa tendencia esta sendo alterada pela escalada da guerra comercial entre Estados Unidos e Canadá.
Reportagens recentes apontam para um movimento de saída em massa de canadenses do sudoeste da Flórida, motivado por novas regulamentações de viagem e tensões comerciais. Há quem esteja considerando destinos alternativos ou colocando suas propriedades à venda, mesmo que isso signifique prejuízo financeiro. Segundo a Associação Nacional de Corretores de Imóveis dos EUA, entre abril de 2023 e março de 2024, os canadenses responderam por 13% das compras de imóveis no país, mais do que qualquer outra nacionalidade. Metade dessas aquisições foi de casas de veraneio, com cerca de 41% concentradas na Flórida. Agora, porém, muitos estão revendo seus planos.
Susan, uma canadense que viveu seis meses por ano na Flórida, que considera a Florida seu lar, decidiu partir em 2 de abril, temendo represálias em meio ao crescente distanciamento político entre os dois países. Já a família Presement, residente habitual de Fort Myers durante o inverno canadense, lamenta que a visita atual é motivada apenas por compromissos financeiros. Barry e Ruth Presement afirmam que não pretendem retornar no próximo ano, avaliando outras opções de viagem. Seu filho, Brian, que planejava se aposentar e residir na região, agora considera o México uma alternativa mais atraente.
O impacto dessa mudança já é sentido pelas empresas locais. Cole Peacock, proprietário de um café e mercado de produtos à base de cannabis, destaca que a ausência dos canadenses prejudica não apenas o turismo, mas o comércio como um todo, afetando margens de lucro essenciais.
Robert Washington, da corretora Savvy Buyers Realty, relata que os canadenses estão cancelando viagens e desistindo de propriedades de veraneio, o que gera um efeito negativo no mercado de aluguel de temporada. Proprietários relatam múltiplos cancelamentos por parte de hóspedes canadenses, atribuídos à disputa tarifária.
A Associação de Viagens dos EUA classifica a Flórida entre os cinco estados mais visitados por canadenses, e a redução desse fluxo pode diminuir a receita no varejo e na hospitalidade, áreas impulsionadas pelas compras, principal atividade de lazer desses turistas. Além disso, as tarifas impostas pela administração Trump sobre importações do Canadá e de outros países, uma medida vista como proteção à economia americana, elevam os custos de bens importados e de produtos locais que dependem de componentes estrangeiros. Estudo do Banco da Reserva Federal de Atlanta indica que tarifas adicionais — como 25% sobre importações canadenses e mexicanas, e 10% sobre outros países — podem aumentar os preços de itens cotidianos, como alimentos e mercadorias gerais, entre 0,81% e 1,63%, caso os custos sejam plenamente repassados aos consumidores.
Diante disso, os americanos podem se preparar revisando hábitos de consumo e cortando gastos supérfluos. Comprar produtos essenciais em maior quantidade antes da alta de preços ou optar por itens de origem local são estratégias para evitar custos extras. Manter-se informado sobre a evolução das políticas tarifárias também é fundamental para decisões financeiras mais acertadas.
A administração Trump, ao implementar essas medidas, busca fortalecer a economia nacional, mas o ajuste a esse novo contexto exige adaptação tanto de consumidores quanto de negócios locais.