Tiago Prado
Entramos em 2026 com uma economia americana que inspira menos euforia e mais sobriedade. Após anos marcados por oscilações intensas — pandemia, estímulos fiscais, inflação persistente e reajustes agressivos nas taxas de juros — o país começa a se estabilizar. Crescimento moderado, porém, contínuo, deve ser a marca deste ano. As projeções do mercado convergem para um PIB entre 1,7% e 2%, um número que não impressiona, mas que representa algo importante: previsibilidade.
Para o pequeno e médio empreendedor, especialmente o imigrante brasileiro nos Estados Unidos, isso significa um horizonte mais claro para tomar decisões. Em tempos de volatilidade extrema, muitos negócios sobreviveram na base da resiliência. Em 2026, o jogo muda: sobrevive quem planeja. Inflação em desaceleração e um consumidor mais racional.
A inflação americana, depois de patamares que desafiaram até famílias tradicionais de classe média, finalmente dá sinais de desaceleração consistente. O custo de vida continua alto, é verdade — especialmente em estados como Massachusetts, Florida, New Jersey e Califórnia — mas o ritmo de alta vem perdendo fôlego.
Isso cria um comportamento de consumo:
- menos impulso, mais intenção;
- menos volume, mais qualidade;
- menos risco, mais valor percebido.
Para o empreendedor brasileiro, a leitura é direta: quem oferece experiência clara, diferenciação real e atendimento impecável continua vendendo bem, mesmo com moderação no consumo.
Mercado de trabalho: estabilidade com exigência maior A taxa de desemprego permanece em níveis historicamente baixos, mas o mercado se torna mais seletivo. Trabalhos menos especializados sofrem mais pressão, enquanto áreas ligadas a tecnologia, atendimento e gestão ganham força. Isso abre espaço para duas oportunidades:
- para negócios que precisam contratar: mão de obra qualificada permanece disponível, mas exige estrutura e processos claros;
- para profissionais imigrantes: quem investe em qualificação, inglês funcional e uso de tecnologia ganha destaque rapidamente.
O tempo do improviso acabou. 2026 recompensa quem se organiza. Ambiente político: negociações intensas e foco na economia O cenário político americano continua polarizado — nada novo — mas com um diferencial: a pauta econômica domina o debate. Independentemente da composição final do Congresso, há consenso sobre três prioridades:
- manter a inflação sob controle;
- estimular setores estratégicos, como tecnologia e energia;
- proteger pequenas empresas, que representam mais de 40% dos empregos do país. Isso significa que incentivos, programas de crédito e políticas de estímulo devem continuar, ainda que com ajustes.
O empreendedor atento navega melhor esse ambiente: oportunidade existe para quem acompanha as regras do jogo. 2026 será o ano da eficiência.
Com crescimento moderado, inflação mais controlada e um mercado exigente, os negócios vencedores serão aqueles que:
- dominam seus números;
- entendem profundamente seu cliente;
- integram tecnologia ao dia a dia;
- investem em marca e experiência;
- criam processos para escalar sem caos.
O imigrante brasileiro, historicamente resiliente e trabalhador, encontra aqui um ambiente favorável. Mas agora a força não basta, precisa vir acompanhada de estratégia. A oportunidade por trás da moderação.
Se 2023 e 2024 foram anos de sobrevivência, e 2025 foi um ano de reorganização, 2026 se apresenta como um ano de construção sólida. Não espere explosões de crescimento. Espere consistência. E consistência, para quem sabe o que está fazendo, vale ouro.


