REUTERS – O governo da China reagiu nesta quinta-feira à decisão do presidente americano Joe Biden de pedir que as agências de Inteligência dos EUA intensifiquem esforços para descobrir a origem do novo coronavírus. O porta-voz da Ministério das Relações Exteriores chinês, Zhao Lijian, afirmou em uma entrevista coletiva que a medida de Biden “mostra que os EUA não se importam com fatos e verdades”.
“Isso mostra plenamente que os EUA não se preocupam com fatos e verdades, nem estão interessados em rastreamento de origem científica séria, mas querem usar a epidemia para se envolver em estigmatização e manipulação política e se esquivar de responsabilidades. Isso é desrespeitoso com a ciência e irresponsável com a vida das pessoas e, além disso, mina a unidade global de esforços para combater a epidemia”, criticou.
Biden informou na quarta-feira que pediu um relatório em até 90 dias com informações que permitam determinar se o vírus foi transmitido de animais para humanos, a hipótese mais aceita até agora, ou se escapou por acidente de um laboratório.
Em março, depois de uma visita à China, uma equipe de especialistas da Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou um relatório em que afirmou que a teoria de que o vírus poderia ter escapado durante experiências no Instituto de Virologia de Wuhan é “extremamente improvável”.
Zhao disse ainda que os Estados Unidos também deveriam abrir investigações sobre o trabalho em seu laboratórios, citando o de Fort Detrick, no estado de Maryland, que durante a Guerra Fria abrigou as experiências americanas com armas biológicas.
“Os Estados Unidos afirmam que desejam que a China participe de uma investigação internacional abrangente, transparente e baseada em evidências. Gostaríamos de pedir que eles façam o mesmo que a China e cooperem imediatamente com a OMS em pesquisas de rastreamento de origem de maneira científica”, ressaltou.
A teoria de que o vírus teria vazado do instituto de Wuhan, um laboratório de segurança máxima e que faz parcerias com cientistas dos EUA e de outros países, foi inicialmente disseminada por autoridades do governo de Donald Trump, entre elas o então secretário de Estado Mike Pompeo.
Nos últimos dias, no entanto, várias autoridades do governo Biden vêm dizendo que a hipótese precisa ser alvo de uma nova investigação que não sofra o veto da China.
Na terça, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA, disse que “o mais provável” é que o vírus tenha surgido na natureza, mas “ninguém tem 100% de certeza”.
“Como há muita preocupação, muita especulação, e como ninguém sabe com certeza absoluta, acredito que precisamos do tipo de investigação em que há transparência total”, afirmou Fauci.
No mesmo dia, na assembleia anual da OMS, os EUA e países aliados, como Austrália, Japão e Reino Unido, pediram que a organização realize um novo inquérito sobre as origens do Sars-CoV-2.