COM CANALTECH – A China estaria obrigando turistas a instalarem um malware de espionagem em seus smartphones, assim que chegam ao país. Uma vez ativado por guardas de imigração, o aplicativo faria uma varredura completa nos aparelhos, baixando registros de chamadas, logs de mensagens de texto, nomes de usuário em redes sociais ou serviços online, relações de apps instalados, compromissos e também outros arquivos específicos, de uma lista de mais de 70 mil entradas, todas ligadas à religião ou países islâmicos.
A operação estaria sendo realizada na fronteira do país com o Quirguistão e o Cazaquiestão, na província de Xinjiang, onde a minoria muçulmana tem sofrido forte repressão. Não apenas conteúdo extremista seria capturado, como também livros escritos em árabe e outros idiomas, textos de autoria de pesquisadores islâmicos, versões do Alcorão ou de livros do Dalai Lama e músicas de uma banda de heavy metal japonesa chamada Unholy Grave, que já falou sobre China e Taiwan em algumas de suas composições.
De acordo com o que foi publicado na imprensa internacional, a instalação do malware seria parte de uma operação de vigilância ao qual a população Uighur vem sendo submetida há anos. O grupo minoritário, de raízes turcas, ocupa regiões do leste da Ásia e também em sua região central, com boa parte de seu território situado na China.
Nos povoados, eles são submetidos a sistemas de reconhecimento facial, câmeras de vigilância e até revistas físicas, em uma vigilância ostensiva que também inclui a instalação de malwares semelhantes nos smartphones pelo governo em prol da segurança nacional.
Agora esse aspecto teria se estendido também aos turistas que entram através da fronteira com o Quirguistão, com um processo de checagem que duraria mais de seis horas até a liberação (ou não) e envolve revistas, entrevistas e a entrega de dispositivos eletrônicos, que devem ser desbloqueados para utilização. É aí que acontece o comprometimento, com a instalação de malwares conhecidos como BXAQ ou Fengcai, disponíveis na internet também sob alcunhas como Cellhunter ou MobilHunter.
Os dados baixados no momento da instalação são armazenados em um servidor sob o controle do governo chinês, que não faz nem questão de esconder seus rastros. O ícone do malware permanece visível nos aparelhos e não existe nenhum tipo de impedimento à desinstalação depois que o aparelho é devolvido, com a praga deixando de funcionar uma vez que esse processo é realizado. Trata-se, claramente, de uma operação de espionagem anterior à entrada dos turistas na China.
De acordo com os relatos publicados na imprensa internacional, iPhones e iPads também passariam por processo semelhante, mas sem a instalação de malware, com aparatos não identificados sendo os responsáveis pela busca por dados. Não se sabe ao certo se a extração está sendo possível nestes casos e se a busca acontece pelos mesmos dados e arquivos baixados dos aparelhos com Android.