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Any Lucia López Belloza, 19 anos, aluna do primeiro semestre de Administração na Babson College (Massachusetts), foi detida no aeroporto de Boston em 20 de novembro de 2025 quando tentava embarcar para passar o feriado de Ação de Graças com a família em Austin, Texas. pós ser informada de um “erro” no cartão de embarque, foi algemada por agentes do ICE. No dia seguinte, um juiz federal emitiu ordem emergencial proibindo sua remoção dos Estados Unidos por pelo menos 72 horas. Apesar da ordem, na manhã de 22 de novembro ela foi colocada em um voo e deportada para Honduras, país que deixou aos 7 anos de idade. Atualmente ela está hospedada na casa dos avós em San Pedro Sula, a segunda maior cidade de Honduras e que, entre 2011 e 2015, foi repetidamente classificada como a cidade mais violenta do mundo fora de zonas de guerra. O bairro de origem da família, La Pradera, era um dos setores mais perigosos da cidade na época em que fugiram, em 2014.
Honduras registra taxa de homicídios três vezes superior à média mundial, é uma das principais rotas do tráfico de drogas da América do Sul para o México e tem forte presença de gangues que controlam bairros inteiros, praticam extorsão e recrutam jovens. A violência de gênero é especialmente grave: adolescentes do sexo feminino representam a maioria das vítimas de violência sexual e feminicídio no país.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) informou que Any Lucia tinha ordem de remoção emitida em 2015, há mais de dez anos. O advogado dela afirma que nunca foi apresentado o documento e que, pela lei americana, ordens desse tipo só podem ser executadas nos 90 dias seguintes à decisão.
A Babson College divulgou nota afirmando que mantém apoio à estudante e à família. O processo para tentar trazê-la de volta aos Estados Unidos segue em andamento na Justiça federal.
Casos semelhantes envolvendo brasileiros
O caso de Any Lucia reflete um padrão de deportações rápidas sob a administração Trump, com pouca transparência ou devido processo. Dois exemplos recentes de brasileiros destacam riscos semelhantes para estudantes e jovens em situação irregular ou com vistos expirados:
- Rafael Silva, 22 anos (deportado em março de 2025): Rafael, natural de São Paulo e aluno de engenharia na Universidade de Massachusetts (UMass) em Lowell, foi detido em 15 de março de 2025 durante uma verificação de rotina no campus. Seu visto F-1 havia expirado em 2024 sem conhecimento de uma ordem de remoção pendente desde 2023.
Apesar de pedido de suspensão emergencial pelo advogado, foi transferido para um centro de detenção no Texas e deportado em menos de 72 horas, sem audiência formal. A UMass suspendeu suas aulas online. Rafael relatou ao G1 que “perdi tudo que construí em quatro anos”. O DHS classificou como “remoção administrativa por violação de status”. - Mariana Costa, 20 anos (deportada em agosto de 2025): Mariana, de Minas Gerais, chegou aos EUA em 2022 como menor não acompanhada e solicitou asilo devido a ameaças de gangues no Brasil. Estudava inglês em um programa comunitário em Nova York enquanto trabalhava como babá. Em 5 de agosto de 2025, foi presa durante uma ida ao supermercado em Queens, sob alegação de “presença ilegal”.
Seu pedido de asilo estava em análise, mas uma ordem de remoção de 2023 foi executada sem notificação prévia. Deportada em 48 horas para Belo Horizonte, ela contou à BBC que “nem consegui pegar meus documentos ou avisar a família”. O caso enfatizou a priorização de deportações de indocumentados sem antecedentes criminais.


