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A cineasta brasileira Bárbara Gomes Marques May, de 38 anos, foi libertada na noite de quinta-feira (16) após passar um mês sob custódia do Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE, na sigla em inglês). A notícia foi confirmada pelo marido da artista, o montador norte-americano Tucker May, em postagem nas redes sociais, onde ele expressou alívio e agradeceu o apoio de familiares, amigos e parlamentares que se mobilizaram pelo caso.
Bárbara, natural de Vitória (ES) e sobrinha da atriz Elisa Lucinda, foi detida em 16 de setembro durante uma entrevista de rotina no escritório do Serviço de Cidadania e Imigração, no centro de Los Angeles, para obtenção do green card – documento que garante residência permanente nos EUA. De acordo com relatos, a prisão ocorreu de forma surpreendente: após a reunião inicial, um funcionário alegou a necessidade de uma cópia do passaporte e a levou para outra sala, de onde ela não retornou.
Agentes do ICE justificaram a detenção com base em uma suposta ausência a uma audiência de regularização de visto em 2019, o que teria gerado uma ordem de deportação. Seu advogado, Marcelo Gondim, contestou a versão, afirmando que Bárbara entrou nos EUA em 2018 com visto de turista e iniciou o processo de extensão de permanência sem notificação prévia de qualquer audiência. Durante o período de detenção, Bárbara foi transferida para centros como o de Adelanto, na Califórnia, e depois para um campo na Louisiana, onde enfrentou condições precárias, incluindo períodos de mais de 12 horas sem alimentação adequada e falta de cuidados médicos, conforme denúncias feitas por Tucker May nas redes sociais.
A mobilização ganhou repercussão internacional, com apoio de artistas, imprensa e figuras políticas, pressionando por uma revisão do caso. Formada em Cinema pela Universidade Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, Bárbara reside em Los Angeles desde 2018, onde atuou como atriz, produtora e diretora. Seu trabalho inclui os curtas-metragens Dias de Cosme e Damião (2016), Cartaxo (2020) e PRETAS (2021), exibidos em festivais, além de estar em produção de seu primeiro longa-metragem. A artista, que se inspirou na tia Elisa Lucinda para ingressar nas artes, agora retorna à rotina em casa com o marido, mas o processo de imigração segue em aberto, com possibilidade de novas audiências.
O caso reacende debates sobre as políticas de imigração nos EUA, especialmente sob a administração atual, e destaca os desafios enfrentados por imigrantes talentosos em processos burocráticos. Familiares e apoiadores celebram a liberação como uma vitória, mas alertam para a necessidade de reformas no sistema.