JSNEWS – O trágico colapso da ponte Francis Scott Key em Baltimore desperta mais uma vez a discussão sobre a força da mão de obra dos imigrantes nos Estados Unidos e o risco a que eles estão sujeitos.
Não é coincidência que as vítimas do desabamento da ponte sejam imigrantes latinos de Honduras, Guatemala, El Salvador e do México, o que, para muitos, ilustra os perigos que os imigrantes enfrentam na indústria da construção, onde ganham habitualmente melhores salários na proporção do risco que enfrentam.
De acordo com informações oficiais, oito trabalhadores da construção civil estavam fazendo a manutenção da ponte, durante a madrugada dessa terça-feira, 26, quando um enorme navio cargueiro, que estava com problemas técnicos, se chocou contra a Francis Scott Key causando seu colapso no rio Patapsco. Oito pessoas caíram no rio e apenas dois trabalhadores que sobreviveram foram resgatados da água, os demais foram declarados mortos.
Segundo registos oficiais do estado americano de Maryland, onde ocorreu o acidente, o censo de 2020 mostrou que os imigrantes latinos e seus descentes representam 12% da população local, cerca de 744 mil pessoas.
O que atrai imigrantes a Baltimore é a disponibilidade de empregos na indústria da construção civil. Fells Point, um bairro portuário conhecido por seus bares e restaurantes da moda, também é uma área onde muitos trabalhadores são vistos todas as manhã diante de desses pontos comerciais a espera de uma oportunidade de trabalho diário.
No entanto, a Administração de Segurança e Saúde Ocupacional do Departamento do Trabalho dos EUA considera a construção como uma “uma indústria de alto risco” na qual os trabalhadores estão expostos a perigos diversos e os latinos estão mais expostos a estes perigos, uma vez que representam aproximadamente um terço dos trabalhadores da construção civil do país e também porque se submetem a “certas condições de trabalho”.
De acordo com os dados mais recentes do Bureau of Labor Statistics divulgados em Dezembro do ano passado, o setor de construção e extrativismo registrou 1.056 mortes, seguidos pelos trabalhadores dos transportes e de movimentação de materiais pesados. Pelo menos 423 destes trabalhadores morreram devido a quedas. A maioria destas mortes, pelo menos 286, ocorreu entre trabalhadores latinos. A taxa de mortalidade dos trabalhadores da construção e extração é de 12,3 mortes por 100.000 em 2021 subindo para 13,0 em 2022.