JSNEWs – As tensões entre o governador da Flórida, Ron DeSantis (republicano), e membros de seu próprio partido no estado irromperam publicamente, sinalizando uma nova era de discórdia na política liderada pelo Partido Republicano em um estado que, nos últimos ciclos eleitorais, tem se inclinado ao conservadorismo. O raro conflito interno ganhou destaque nesta semana, quando a sessão especial proposta por DeSantis para implementar a agenda imigratória do presidente Trump foi iniciada e, logo após, encerrada pelo presidente do Senado estadual, Ben Albritton (republicano), e pelo presidente da Câmara, Daniel Perez (republicano).
Parlamentares republicanos então apresentaram a Lei de Combate e Reforma da Política de Migração Ilegal (TRUMP), que, entre outras medidas, designava o comissário de Agricultura, Wilton Simpson, como principal autoridade imigratória do estado — proposta encabeçada pelo senador Joe Gruters (republicano), aliado de Trump e que mantem “relações burocráticas” com o governador.
Esse embate marca um novo capítulo para DeSantis, que busca alinhar-se a Trump em sua principal bandeira de campanha, num estado central para os republicanos. A disputa em Tallahassee coincide com os esforços de Trump para avançar sua agenda em Washington, utilizando ordens executivas com foco em imigração. “DeSantis quer a política mais forte possível, mas muitos aqui têm interesses políticos próprios e precisam entender que Trump está no comando”, afirmou Ford O’Connell, estrategista republicano da Flórida.
Ao convocar a sessão especial, DeSantis defendeu que a Flórida poderia servir de exemplo na execução da agenda imigratória presidencial. Líderes republicanos no Legislativo estadual, embora alinhados a Trump, dizem ter sido pegos desprevenidos pela iniciativa, classificando-a como “precipitada”.
“Os métodos incisivos de DeSantis não lhe granjearam muitos aliados em Tallahassee”, observou Dan Eberhart, doador republicano que já apoiou o governador.
Na terça-feira, após ajustes, os legisladores aprovaram a Lei TRUMP, com mediação da Casa Branca. O texto final prevê pena de morte para imigrantes indocumentados condenados por crimes capitais e pena máxima para membros de gangues sem status legal. Ainda assim, DeSantis e seus aliados consideram a lei fraca. “O veto está pronto”, declarou o governador no X. O senador Blaise Ingoglia (republicano) prevê que, após o veto, DeSantis convocará nova sessão especial, evidenciando a disputa de poder com o Legislativo e o comissário Simpson, potencial candidato ao governo em 2026.