JSNEWS – O conselho municipal de Boston aprovou por 8 votos a favor e 4 contra uma medida que pode permitir que pessoas com “status legal” e que paguem impostos, votem nas eleições municipais, mesmo que não tenham a cidadania dos Estados Unidos. A votação ocorreu nessa quarta-feira,13, e é esperado que a prefeita Michelle Wu e o Legislativo estadual aprove essa medida que ainda. O escritório de Wu disse na quinta-feira, 14, que estava analisando a petição.
A vereadora que propôs a medida, Kendra Lara (Dem.) disse ter razões pessoais para apresentar o projeto. Ela lembra quando concorreu pela primeira vez a um cargo público, lembrou que seu pai fez campanha em seu nome, mas não pôde votar nela.
“Meu pai, embora seja residente legal nesta cidade há 30 anos, não pôde votar em sua filha mais nova. E sua história é a história de milhares de residentes legais na cidade de Boston que trabalham, pagam impostos, criam os seus filhos e participam de todas as formas no fortalecimento da estrutura da nossa cidade, mas não podem votar nos representantes que estão tomando decisões sobre suas vidas diárias”, disse Lara na quarta-feira após a votação.
Os imigrantes que têm “estatuto legal” representam mais de 28% da população de Boston, e de acordo com os patrocinadores da medida, essa parte significativa da população pagam uma média de US$ 2,3 bilhões em impostos anualmente.
Pelo menos 15 cidades nos USA concederam direitos de voto nas eleições municipais a não cidadãos, entre elas estão São Francisco, Nova York e outras comunidades em Maryland e Vermont.
Kendra Lara disse que algumas comunidades de Massachusetts como Amherst, Cambridge, Newton e Somerville aprovaram leis locais semelhantes.
Já os vereadores Frank Baker, Michael Flaherty, Ed Flynn e Erin Murphy votaram contra a petição. Flaherty expressou preocupação sobre as possíveis desdobramentos de colocar isso em prática e que para ele poderia prejudicar o imigrante.
“A crescente diversidade e o nível de envolvimento comunitário de Boston é o que torna a nossa cidade excelente. No entanto, existem preocupações jurídicas das quais precisamos estar atentos quando falamos sobre o voto de não-cidadãos”, disse Flaherty. “Os não cidadãos podem registar-se e votar por engano nas eleições federais ou estaduais e isso colocaria em risco a possibilidades de se tornarem cidadãos plenos caso isso ocorresse. O que seria devastador”, acrescentou.
A vereadora Gabriela Coletta falou a favor da medida, destacando a história de Boston como um importante destino para imigrantes. Muitos dos eleitores de Coletta em East Boston são residentes permanentes legais e não cidadãos.
A aprovação da Câmara Municipal envia uma mensagem poderosa, mas Coletta disse estar cética quanto às chances da medida ganhar votos em Beacon Hill (o Capitólio Estadual de Massachusetts).
“Esta súmula é certamente um ponto de partida, não há dúvida disso. Entendendo o contexto, no entanto, é preciso dizer que a passagem hoje serviria em grande parte como um gesto simbólico neste momento”, disse ela.