Da Redação – Traficantes de pessoas e influenciadores. A combinação parece entranha, mas é realidade no México, onde “coyotes” (como são conhecidos os atravessadores) estão ganhando as redes sociais — incluindo TikTok e YouTube — para oferecer os seus serviços em uma perigosa indústria que movimenta cerca de US$ 13 bilhões. Muitos são localizados na web com as palavras “sueño americano” (sonho americano).
Sem o menor pudor, eles produzem vídeos anunciando descaradamente o transporte ilegal para os EUA e zombam do sistema de imigração do país vizinho. Algumas vezes chegam a mostrar como funcionam os esconderijos usados pela quadrilha.
Os clipes, com alta qualidade, mostram os contrabandistas escoltando imigrantes pela fronteira americana por terra e pelos rios que separam México e EUA. Não é difícil entrar em contato e fazer uma cotação do serviço. Um “coyote” revelou ao “NY Post” que cobra o equivalente a U$ 10 mil para atravessar uma pessoa para território americano.
Os preços dependem do país de origem do migrante, de acordo com Soy Xulen, cujo nome no YouTube é @ELINMIGRANTEAVENTURERO (o imigrante aventureiro). Os vídeos de desse influencer já somam 13 milhões de visualizações e mostra contrabandistas em camuflagem atravessando imigrantes ilegais pela fronteira. Em um dos clipes, atravessadores de fronteira em mochilas podem ser vistos caminhando por um caminho empoeirado no deserto, seguidos pelo que parece ser uma família amontoada na traseira de um veículo.
Outra cena, filmada em Ciudad Juárez, mostra a localização dos policiais da Patrulha de Fronteira dos EUA, o pesadelo dos imigrantes.
Em outro vídeo postado no YouTube, contrabandistas podem ser vistos puxando um bote inflável cheio de imigrantes pela água com uma corda de segurança pelo Rio Grande, que separa os dois países da América do Norte, até um ponto seguro no Texas.
Os esconderijos da quadrilha geralmente ficam em cidades fronteiriças como Laredo ou El Paso, no Texas, e servem como ponto de parada até que os imigrantes ilegais possam ser apanhados e transportados para o destino final nos EUA.
Em outra vídeo, um imigrante é mostrado chegando ao seu destino final, um posto de gasolina, onde parentes, que já vivem nos EUA, estão esperando para buscá-lo, em uma jornada ilegal (e muitas vezes mortal) que parece uma “volta para casa”.
Nem o TikTok nem o YouTube responderam aos pedidos de comentários do “NY Post”. O TikTok disse anteriormente que remove “qualquer conteúdo que viole nossas diretrizes da comunidade sobre exploração humana”. O YouTube também diz remover qualquer conteúdo sinalizado que envolva atividades ilegais.