Da Redação – O segundo mandato de Donald J. Trump, iniciado em janeiro de 2025, parece ter perdido o brilho inicial que o levou de volta à Casa Branca. A pesquisa Yahoo News/YouGov, realizada entre 20 e 24 de março com 1.677 adultos americanos, expõe um cenário de crescente desencanto: 41% avaliam seu desempenho como pior do que o esperado, contra 30% que o consideram melhor. O levantamento, divulgado em 27 de março, marca o fim da tradicional lua de mel entre Trump e o povo, evidenciando fissuras até entre seus apoiadores, que outrora o viam como um salvador pragmático.
A pesquisa, conduzida online, utilizou uma amostra representativa, ajustada por gênero, idade, raça, educação, participação nas eleições de 2024, voto presidencial, filiação partidária e status de registro eleitoral. Esse rigor metodológico assegura um retrato fiel da opinião pública, com margem de erro de aproximadamente 2,4 pontos percentuais. Antes da posse, 45% esperavam que Trump melhorasse o país, contra 33% que temiam retrocessos; agora, 43% creem que ele conduz os EUA a um destino sombrio, enquanto 40% ainda enxergam avanços, um sinal de que as promessas de campanha não se traduzem em resultados palpáveis.
Dois fatores pesam nesse declínio – A economia, pilar de seu discurso vitorioso, decepciona: apenas 18% classificam seu desempenho econômico como “excelente” ou “bom”, um tombo frente às expectativas infladas de novembro.
Além disso, 57% dos entrevistados afirmam que Trump ignora os problemas mais urgentes, como inflação e custo de vida, priorizando agendas pessoais ou simbólicas. Entre republicanos, um terço critica suas tarifas erráticas, enquanto independentes e democratas engrossam o coro de insatisfeitos, sugerindo que o presidente perdeu o pulso da nação.
Comparado a outros presidentes, Trump destoa do padrão. Barack Obama, em 2009, gozava de 68% de aprovação nos primeiros meses, segundo Gallup, impulsionado por esperança pós-crise. George W. Bush, em 2001, tinha 57%, antes do 11 de setembro elevá-lo a 90%. Mesmo Joe Biden, em 2021, começou com 53%, apesar da polarização.
Trump, com 46% de aprovação média atual, supera seus 41% do primeiro mandato, mas não alcança a lua de mel típica, refletindo uma base fiel, porém insuficiente para aplacar a crescente rejeição de independentes, que historicamente definem o sucesso presidencial.
Exemplos concretos ilustram o descontentamento. Em Detroit, uma fábrica automotiva fechou após tarifas sobre aço canadense, de 25%, elevarem custos, demitindo 300 trabalhadores em março. Em Iowa, agricultores protestam contra a queda nas exportações de soja para a China, retaliada por novas taxas alfandegárias, com perdas estimadas em 15 milhões de dólares desde fevereiro.
Em Miami, uma família latina legalmente residente foi detida por engano em uma blitz migratória, fruto da intensificação das políticas de Trump, gerando revolta em comunidades imigrantes. Esses casos, amplificados nas redes sociais, ecoam a percepção de um governo desconectado das reais aflições americanas.
Embora Trump alardeie conquistas, como 100 ordens executivas em dois meses, o povo parece menos impressionado.
A base republicana resiste, mas o apoio se esgarça entre os que esperavam soluções práticas, não gestos grandiosos. A lua de mel, que mal aqueceu os corações, cede espaço a um inverno de críticas, evidenciando que o carisma que o elegeu não basta para sustentar a confiança em tempos de desafios concretos.