JSNEWS – Em uma decisão pioneira e polêmica, o estado do Tennessee, nos Estados Unidos, implementou, a partir deste ano letivo de 2025, aulas obrigatórias de segurança com armas de fogo para crianças a partir dos 5 anos em escolas públicas. A medida, aprovada em 2024 pela legislatura estadual dominada por republicanos, reflete a intenção de educar os jovens sobre os perigos das armas, enfatizando que elas não são brinquedos. A iniciativa, a primeira do tipo no país, já desperta intensos debates sobre seus méritos e riscos.
A lei, sancionada pelo governador Bill Lee, estabelece que os alunos, do jardim de infância ao ensino médio, participem anualmente de um curso focado em segurança. O currículo, cuidadosamente delineado, ensina a distinguir armas reais de brinquedos, identificar componentes como gatilho e cano, e adotar atitudes responsáveis, como nunca tocar em uma arma sem supervisão.
Para garantir a segurança, as aulas proíbem munições ou armas reais, e instrutores – frequentemente policiais ou especialistas em saúde pública – devem manter neutralidade política. “Nosso objetivo é salvar vidas”, afirmou o senador estadual John Stevens, um dos proponentes. “Em um estado onde armas são parte da cultura, ensinar crianças a respeitá-las é essencial para evitar tragédias.”
A intenção dos legisladores é clara: prevenir acidentes domésticos e preparar os jovens para um contexto em que armas estão amplamente presentes. Nos Estados Unidos, onde a violência armada é a principal causa de morte entre crianças e adolescentes, segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), o Tennessee busca uma abordagem proativa.
A medida responde, em parte, a episódios trágicos, como o tiroteio de 2023 em Nashville, que chocou a comunidade local. “Queremos que as crianças saibam que uma arma não é um objeto de brincadeira, mas algo que exige responsabilidade”, explicou a deputada Mary Littleton, outra defensora da lei.
No entanto, a iniciativa enfrenta críticas. Muitos questionam se crianças tão jovens têm maturidade para absorver tais lições sem normalizar a presença de armas ou desenvolver ansiedade. “É um passo na direção errada”, argumentou Sarah Johnson, ativista de Memphis pelo controle de armas. “Em vez de ensinar sobre armas, deveríamos limitar o acesso a elas.”
Apesar das controvérsias, o Tennessee tornou-se um laboratório para uma política que pode inspirar outros estados, como Utah e Arkansas, que já consideram medidas semelhantes. Enquanto as salas de aula do Tennessee iniciam essa experiência inédita, a nação observa, dividida entre a esperança de prevenção e o receio de consequências imprevistas.
Resta saber se a educação precoce será um escudo contra a violência ou apenas um reflexo de uma sociedade incapaz de escapar do peso de suas armas.