JSNEWS – As crianças desacompanhadas que cruzam a fronteira do México rumo aos USA são colocadas sob a custódia do Department of Health and Human Services Office of Refugee Resettlement a sigla em inglês é ORR.
Em dezembro do ano passado, 10.775 crianças estavam sob custódia da ORR aguardando serem abrigadas em casas de parentes ou, em alguns casos, enviadas para famílias adotivas, após seus casos serem analisados pelas autoridades migratórias.
Para muitas crianças que cruzam a fronteira desacompanhadas ou separadas de familiares o tempo que ficam sob custódia da ORR pode ser extremamente desorientador e traumático. Elas são postas em um ambiente restritivo longe da família e cercadas de pessoas estranhas, elas enfrentam barreiras linguísticas e precisam aprender lidar com o estresse e a incerteza de esperar até se reunirem com a família.
O contato familiar regular para crianças sob custódia da ORR é vital para proporcionar uma sensação de estabilidade emocional e segurança em meio a essas circunstâncias estressantes e difíceis, bem como preservar os laços das crianças com os membros da família dos quais elas podem ser separadas por dias, semanas ou até meses.
O direito nacional e internacional exige que as crianças tenham permissão para o contato contínuo com suas famílias ou cuidadores. No entanto, apesar dos mandatos que exigem que os centros de detenção da ORR facilitem o contato entre as crianças e suas famílias, na prática, as crianças desacompanhadas encontram políticas de comunicação que são lamentavelmente inadequadas, desumanas e prejudiciais ao seu bem-estar.
A ORR observa em sua política que as crianças “devem ter a oportunidade” de fazer um mínimo de duas chamadas telefônicas por semana (com uma duração mínima de 10 minutos cada) para membros da família e/ou patrocinadores. Embora a política da ORR afirme que esse limite é um “mínimo”, muitos defensores e crianças mantidas sob custódia da ORR dizem que essa orientação é usada como um teto, limitando as crianças a não mais que duas chamadas telefônicas de 10 minutos por semana ou, em alguns casos, até menos.
Quando as crianças são separadas dos membros da família e os limites dela em se comunicar são colocadas a extremo, essas crianças podem experimentar um estresse tóxico que pode resultar em mudanças duradouras ou mesmo permanentes em seu estado emocional. Os efeitos imediatos podem variar de dificuldade para comer ou dormir a problemas comportamentais mais complexos como o comprometimento das habilidades cognitivas.
Algumas crianças podem desenvolver, sob estresse, alguns problemas comportamentais o que leva a manter uma criança internada por um período prolongado ou mesmo colocá-la em um ambiente mais restritivo e a longo prazo, as crianças que são impedidas de se comunicar com suas famílias podem experimentar uma redução na capacidade do aprendizado, e do sentimento de depressão e ansiedade persistente.
Uma pesquisa recente do Vera Institute of Justice afirma que os sentimentos de depressão e ansiedade são compartilhados pelas próprias crianças que foram internadas pelo ORR, elas descreveram o contato com seus familiares e cuidadores como inadequada.
O Vera Institute of Justice observou em sua pesquisa que “muitos dos jovens com quem seus pesquisadores falaram, só puderam ter um contato mínimo com seus familiares, o que eles relataram não ser tempo suficiente”.
Uma pessoa citada na pesquisa disse que as chamadas “nos ajudam a sentir… mais livre que, se tivermos um problema ou algo assim, possamos falar sobre isso com nossa família”.
No mínimo, as crianças precisam de acesso regular com seus cuidadores e familiares para apoio emocional e ajudá-los a lidar com suas circunstâncias desafiadoras.