Em dois anos no comando da Prefeitura do Rio de Janeiro, o prefeito Marcelo Crivella (PRB) deixou de gastar R$ 564 milhões em recursos disponíveis para ações de controle de enchentes e contenção de encostas. Dos R$ 731 milhões aprovados para esse tipo de gasto, a prefeitura utilizou apenas R$ 166 milhões, o equivalente a apenas 22% do total. Conforme dados do Portal da Transparência e as LOAs (Lei Orçamentária Anual) de 2017 e 2018.
Na noite da quarta-feira, 6, um temporal matou seis pessoas e fez o Rio amanhecer com um cenário caótico, com deslizamento de encostas, alagamentos de ruas, queda de árvores e muitas vias bloqueadas. Após a tragédia, Crivella, que assumiu a prefeitura em janeiro de 2017, decretou luto oficial por três dias.
Os dados do Portal da Transparência da Prefeitura do Rio, no entanto, mostram que desde que assumiu o comando da capital fluminense, Crivella gastou bem menos que o previsto para enfrentar os efeitos das tradicionais chuvas de verão que atingem a cidade no início do ano.
As LOAs de 2017 e 2018 previam recursos de R$ 342 milhões e R$ 388 milhões, respectivamente, para os programas destinados ao combate aos efeitos de enchentes e para a realização de obras para a contenção de encostas em áreas de risco. Esses programas previam ações como a ampliação do sistema de drenagem e obras em canais e lagoas que recebem a água da chuva, além da fiscalização e monitoramento permanente das áreas de encosta.
Mas apesar dos recursos aprovados no orçamento, a prefeitura executou pouco do que estava previsto. Em 2017, dos R$ 342 milhões disponíveis, Crivella gastou apenas R$ 41 milhões. No ano seguinte, o volume disponível foi maior e chegou a R$ 388 milhões, mas a prefeitura gastou menos da metade: R$ 125 milhões.