Por: Edel Holz – Mil vivas para Walter Américo! Amigo, sobrinho, tio, irmão, companheiro, confidente… Ator de mil faces, de seiscentos disfarces, de paixão e alma! Valadarense de nascimento e Bostoniano de coração! Totalmente bombril, Walter já foi Palhaço, Herodes, Pilatos, Prefeito, Rei, Gato, Boi, Urso, Tiradentes, criança e até uma bicha francesa! Nos palcos da vida, montou cenário, figurinos e compôs lindas cenas inesquecíveis.
E quantas histórias hilárias? Estávamos ensaiando na minha casa e fiz uma canjiquinha pra espantar o frio.
Ele disse:- Lá em casa não comemos canjiquinha depois das 7 da noite. Minha tia morreu após comer uma canjiquinha igual a essa. Todos olhamos pro relógio e paramos de comer.
Depois caímos na gargalhada. Ele tinha esperança, fazia ginástica, cantava músicas do arco da velha. Como nosso amor era recíproco! Como gostava de conversar com ele! Ia de bicicleta ensaiar lá em casa. Era sempre o primeiro a chegar.
Quando ele interpretou Tiradentes, cismei em botar uma pomba branca no final da peça e ninguém aguentou ficar com a pomba em casa: Eu tentei e ela piava e cagava.
Anderson levou pra casa dele e também não aguentou. Pois Walter tratou da bichinha e no final da peça ela voou pro lustre e não sei quem acabou ficando com ela.
Na Paixão de Cristo, levei tanto tombo de ator amador que me deixou na mão que Walter substituiu todos. Sua partida, tão cedo e tão sentida, nos entristeceu profundamente. Walter: Você plantou aqui amor, arte, afeto e muita alegria.
Onde estiver, despido das dores e dos sofrimentos, colherá tudo isso em ramalhetes frondosos. Te amaremos eternamente. Obrigada por tudo! Nosso carinho pra toda família e um beijo especial pro Rodrigo.
Da Edel e toda a tchurma do Teatro Brasileiro de Boston.
SOBRE A COLUNISTA: Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e de mente efervescente Edel.