Por : Edel Holz – A morte é uma coisa que não se pensa, nem se deseja aqui nos EUA ou em qualquer outro lugar.
Quando a gente resolve se mudar prum outro país, a gente quer ficar rico, arrumar um marido, ganhar na loteria, dar sorte no trabalho, ser descoberto por um mecenas… Mas jamais imagina ficar doente ou morrer.
O brasileiro, principalmente, é tão esperançoso, que acredita piamente que somente as coisas boas virão ao seu encontro. Por isso, temos peito verde e amarelo. Somos sol e mata, ou sol e mar.
Esses dias ouvi um papo de que fulano havia morrido, a família no Brasil queria que mandassem o corpo pra lá, e o preço era tão inacreditável quanto a morte do ente querido.
De 20 a 30 mil dólares pro corpo ir parar em terras tupiniquins. É isso mesmo, produção? Então, você vem para a América, economiza durante anos a fio um dinheiro pra abrir um negócio no “Brasa” ou comprar uma casa por lá, ou aqui mesmo e de repente, sem mais nem menos, essa grana virará caixão com você dentro, partindo num avião, mortinho da Silva. Nos grandes centros brasileiros, existem planos de pagamento para morte individual ou familiar.
Você pode pagar seu caixão e sua cova no cemitério, em prestações suaves. Ninguém quer morrer e nem tocar no assunto. Mas pô, é a única certeza que a gente tem! Um bom seguro de vida deve incluir esses gastos, acredito eu.
Cuidem-se pra não ficarem doentes, nem sofrerem qualquer acidente, por que, seja enterrar o corpo aqui ou mandar pro Brasil, o preço tá na hora da morte.
Será que o jeito é virar cinza?
SOBRE A COLUNISTA – Edel Holz é a mais premiada e consagrada atriz, roteirista, diretora e produtora teatral brasileira nos Estados Unidos. Inquieta e de mente profícua, Edel tem sempre um projeto cultural engatilhado para oferecer para a comunidade brasileira. Depois de anos de ausência, Edel volta a abrilhantar as páginas de um jornal. Damos as boas vinda à poderosa e de mente efervescente Edel.