Por: Alfredo Melo
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Nascido em berço esplendido, em uma família abastada e tradicional de São João Nepomuceno, Minas Gerais. Era mimado e birrento. Inteligente e estudioso. Todos os filhos do exportador de café, Oscar Freitas, eram ‘bons de bola’, mas só Heleno de Freitas, era fanático por futebol.
Desde os 10 anos, já encantava a cidade, com sua habilidade. O sonho de Oscar, era ver Heleno advogado.
Aos 11 anos de idade, Heleno, perdeu o pai. Desolada, sua mãe vendeu a casa e os negócios da família, dois anos, após a morte do marido e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde seus filhos Romulo e Oscar, eram bem sucedidos, como advogado e dentista.
E foi nas areias da praia de Copacabana, jogando no posto 4 FC, dirigido por Neném Prancha, que os cariocas, conheceram o futebol de Heleno. Da praia foi para o Botafogo, jogou também, no Boca Juniors, Vasco, Junior de Barranquilla, Santos e América-TJ.
Mesmo jogando futebol, realizou o sonho do pai e formou-se em direito, pela Faculdade Nacional de Direito na Praça da República. levava uma vida intensa dentro e fora de campo. Por todos os clubes, por onde passou arrumou confusão. Com uma sífilis mal curada, a doença avançava agressivamente e suas atitudes, anda, eram consideradas de menino mimado. Torcedor fanático do Botafogo, exigia entrega total dos companheiros.
Não aceitava a derrota. Todos no clube, temiam contrariar Heleno que chegava aos treinos e jogos, em um carro conversível, com as roupas e sapatos, mais caros, que se poderiam encontrar no Rio de Janeiro. Certa vez, ao chegar para uma partida, em General Severiano, ouviu do meia esquerda Geninho: “chegou o mascarado”. Na mesma hora, Heleno retrucou, “mascarado não, lorde, pra você eu sou um lorde”.
Durante a partida, Geninho, não passava a bola para Heleno, que desesperado pedia a bola a Geninho que então respondeu: “Geninho não, pra você eu sou um gênio. Se pedir ao gênio, eu passo a bola”.
Saiu do Botafogo vendido para o Boca Juniors, onde jogou apenas 17 vezes, marcando 7 gols. Durante muito tempo, na Argentina se disse que Heleno, mantinha um romance secreto com Evita Peron. Ao voltar ao Brasil, assinou com o Vasco e foi campeão carioca de 1949.
Ao todo foram 24 partidas com 19 gols. Não gostava de Flávio Costa e Flávio Costa, não gostava dele. No início de 1950, disse a Flávio Costa, que não jogaria mais no Vasco e indagado por que, respondeu: “o Ademir e o Chico não passam a bola pra mim por ciúmes, os outros, porque não sabem”, e foi embora. Essa atitude, fez com que Flávio Costa, o deixasse fora do mundial de 1950. Heleno, teve uma passagem relâmpago, pelo Santos, mas não chegou a jogar uma partida sequer. Durante um treino, jogou guaraná na cabeça do técnico Aymoré Moreira, e rindo dizia: “Aymoré é bom com guaraná”, numa referência aos biscoitos Aymoré, famosos na época e nos dias atuais. A despedida de Heleno do futebol, foi melancólica.
Ao pisar no gramado do Maracanã, pela primeira vez, em 1952, estreando pelo América-RJ, foi expulso aos 25 minutos do primeiro tempo por ofensas morais aos companheiros.
O jogo era contra o São Cristóvão que derrotou o América por 3×1. Ao sair do Maracanã, Heleno, anunciou sua despedida do futebol. A doença havia chegado ao seu cérebro e Heleno, já dava os primeiros sinais de demência. Quando em 1950, jogou no Atlético Junior de Barranquilla, na liga pirata da Colômbia, chamada de ‘El Dorado’, enfrentou os maiores craques da Argentina e do Uruguai.
Lá em Barranquilla, Heleno tem uma estátua, no estádio do Atlético Junior e se tornou amigo de um jovem jornalista, que um dia ganharia o Prêmio Nobel de Literatura, Gabriel Garcia Marques, que primeiro se apaixonou pelo futebol de Heleno e depois pela vida do jogador.
Em 1959, quando soube da morte do amigo, escreveu: “Heleno de Freitas, tinha pinta de cigano, cara de Rodolfo Valentino e humor de cão raivoso. Nos gramados resplandecia. Uma noite, perdeu todo seu dinheiro no cassino. Outra noite, não se sabe onde, toda a vontade de viver. Na última noite morreu, delirando em um hospício”.