Por: Alfredo Melo
As conquistas do Botafogo em 2024 devem ser creditadas a John Textor, assim como as perdas de 2025 também devem ser atribuídas a ele. Desde dezembro de 2024, Textor já sabia que Artur Jorge não continuaria no clube em 2025, e tinha ciência de que a temporada do futebol brasileiro inicia sua preparação em janeiro. Mesmo assim, ignorou esse fato e decidiu que tudo seria feito à sua maneira.
Ele não se preocupou em escolher um treinador à altura do que sairia, nomeando como interino Carlos Leiria, que nunca havia tido qualquer experiência como técnico de equipes profissionais. Em janeiro, começou a desmontar o elenco que havia conquistado dois títulos de expressão: a Copa Libertadores e o Campeonato Brasileiro.
Carlos Leiria perdeu a Supercopa do Brasil para o Flamengo por 3×1. Também foi derrotado na Recopa Sul-Americana pelo Racing da Argentina, com dois resultados de 2×0. Como desgraça pouca é bobagem, o Botafogo terminou em 9º lugar no Campeonato Carioca, disputado por 12 clubes, o que acarretou a desclassificação para a Copa do Brasil de 2026.
Pressionado pelo início do Brasileirão, Textor acabou contratando Renato Paiva para comandar o Botafogo. Paiva, que nunca esteve nos planos iniciais de Textor, fez uma boa estreia ao empatar em 0x0 com o Palmeiras, em São Paulo, mas viu os principais jogadores do elenco sendo vendidos. No Mundial de Clubes, chegou às oitavas de final, mas foi eliminado pelo Palmeiras após derrota por 1×0. Esse torneio marcou o m da passagem de Paiva pelo clube.
Aproveitando a “febre Ancelotti”, Textor contratou Davide Ancelotti, filho e assistente do técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancelotti. Davide nunca havia comandado um time profissional, mas Textor resolveu apostar no “Bambino”. Enquanto isso, continuava vendendo jogadores titulares. Jogado às feras, Davide comandou a eliminação do Botafogo da Copa Libertadores e da Copa do Brasil, além de ver o time se afastar dos líderes do Campeonato Brasileiro e do G4.
O ano planejado por Textor começou tarde e terminou cedo. O Botafogo não disputa mais nada em 2025 e já sabe que não participará da Copa do Brasil de 2026. Textor vendeu 14 jogadores — mais do que um time completo: Tchê Tchê, Eduardo, Tiquinho, Luiz Henrique, Almada, Júnior Santos, Romero, Adryelson, Danilo Barbosa, Jair, Igor Jesus, Gregore, John e Cuiabano. Das contratações, parece que apenas o argentino Álvaro Montoro está no nível do time de 2024
Afastado do Lyon, ameaçado de ser afastado do Botafogo e sendo vaiado e xingado pelos torcedores do RWDM, da Bélgica, após a goleada de 5×0 sofrida contra o Brussels, Textor passou a ser alvo de pedidos de saída por parte dos torcedores. Parece que Textor foi um rio que passou na vida do Botafogo. O clube disputou e perdeu seis títulos em nove meses. Para quem não lembra: Supercopa do Brasil, Recopa da Conmebol, Campeonato Carioca, Libertadores, Copa do Brasil e Brasileirão.