AFP – Deputados do próprio Partido Democrata, o mesmo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, adiaram a votação no Congresso de um grande pacote de gastos em infraestrutura na quinta-feira (30).
O pacote de US$ 1,2 trilhão é uma das principais promessas de campanha de Biden e uma das marcas que o presidente americano quer deixar em seu mandato, mas se tornou uma guerra dentro do próprio partido.
Momentos antes, Biden havia conquistado uma vitória no Congresso, com a aprovação no último momento da prorrogação orçamentária que evitou o “shutdown“, uma paralisação parcial e temporária dos serviços públicos federais do país.
Por 254 votos a 175, a Câmara de Representantes aprovou lei enviada pelo Senado, que prorroga o orçamento atual até 3 de dezembro. Biden promulgou rapidamente o texto, para evitar o corte abrupto de recursos aos serviços federais que ocorreria a partir da meia-noite desta sexta-feira (1º).
“A aprovação desta lei nos recorda que a cooperação entre os partidos é possível”, afirmou Biden. “Mas ainda restam coisas por fazer”, completou o presidente, que também enfrenta a ameaça de um histórico calote caso o Congresso não aumente o teto de endividamento do governo.
O problema, nesse caso, são os republicanos, e os EUA correm o risco de dar o primeiro “default” (calote) da sua história.
Pacote de infraestrutura adiado
Mas os democratas decidiram adiar por tempo indeterminado a votação do pacote de US$ 1,2 trilhão, que estava prevista para a noite de ontem. As negociações entre os democratas que controlam a Câmara de Representantes prosseguirão nesta sexta-feira (1º).
“Houve muitos progressos esta semana e estamos mais perto do que nunca de um acordo”, minimizou a porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki. “Mas ainda não chegamos lá, então vamos precisar de mais tempo”.
A presidente da Câmara de Representantes, a democrata Nancy Pelosi, havia se comprometido a organizar a votação ainda nesta semana com congressistas de centro, que estão ansiosos por aprovar o mais rápido possível o projeto — que é muito popular entre os eleitores.
Mas a ala à esquerda do partido prometeu frustrar a votação por não ter recebido um compromisso claro para a aprovação de um outro projeto, de gastos sociais.
Risco de calote do governo
O Congresso agora precisa aumentar, antes de 18 de outubro, o teto de endividamento do país. Caso contrário, os EUA darão o primeiro “default” (calote) da história da maior potência econômica mundial.
“O tempo é limitado, o perigo é real”, destacou Chuck Schumer, líder democrata no Senado.
O problema, neste caso, são os republicanos, que se recusam a suspender o limite de emissão da dívida do governo, pois consideram que isso seria um cheque em branco para o governo Biden.
A Câmara de Representantes aprovou na quarta-feira (29) um texto que prevê suspender o teto da dívida até dezembro de 2022, mas sem o apoio dos republicanos no Senado a iniciativa nasceu morta.