AFP – Seis pré-candidatos democratas voltaram a se enfrentar, nesta terça-feira (14), no último debate antes do início das primárias nos Estados Unidos, marcado pela disputa entre o ex-vice-presidente Joe Biden e o senador progressista Bernie Sanders.
O último debate antes do caucus (uma espécie de assembleia em que os democratas escolhem seu candidato) em Iowa, em 3 de fevereiro, começou centrado na política externa: o papel das tropas americanas distribuídas pelo mundo, no momento da crescente tensão entre Estados Unidos e Irã.
Biden, vice de Barack Obama, chega como favorito em nível nacional, com 28%, seguido de Sanders (20%), conforme a média de pesquisas coletada pelo site RealClearPolitics (RCP).
“Como Nação temos que enfrentar o fato de que os dois maiores desastres desta era na política externa – a Guerra de Vietnã e a Guerra do Iraque – estavam baseados em mentiras”, disse Sanders, ao advertir que a atual tensão com o Irã pode desencadear outro conflito deste tipo.
Sanders recordou seu voto em 2002 contra a Guerra no Iraque, enquanto Biden teve que explicar novamente seu aval à intervenção militar. O ex-vice de Obama recordou que seu filho, já falecido, serviu como militar.
Biden lembrou que foi o governo de Obama que firmou o acordo nuclear com o Irã, o pacto multilateral que o atual presidente americano, Donald Trump, rompeu.
O ex-prefeito de South Bend Pete Buttigieg, com 7,5% das intenções de voto, afirmou que suas credenciais como veterano no Afeganistão o ajudarão na Casa Branca.
A senadora moderada Amy Klobuchar, com 3%, destacou seu conhecimento do contexto mundial e sua experiência no Congresso.
Já o magnata Tom Steyer, com 2%, destacou a sua visão de empresário que defende o meio ambiente.
A campanha teve início com um número recorde de aspirantes à indicação do partido para disputar a Casa Branca com o presidente em busca da reeleição em novembro, o republicano Donald Trump.
Agora, apenas seis candidatos atingiram os critérios mínimos para subir ao palco na Universidade Drake, em Iowa.
Isso equivale a menos de um terço dos que se qualificaram para participar do primeiro debate transmitido pela televisão, em junho passado. Foram tantos nomes que o programa teve de ser dividido em dois dias, com dez pré-candidatos em cada um.
Além do Irã, o debate abordou mudança climática, luta contra a violência pelas armas de fogo e reforma do sistema de saúde dos Estados Unidos.
Sanders avança
Iowa será o primeiro estado do país a se pronunciar nas primárias, em 3 de fevereiro. Nas pesquisas, neste estado rural que decide seu candidato por meio do caucus, há um empate técnico entre Biden (20,7%), Sanders (20,3%), Buttigieg (18,7%) e a senadora Elizabeth Warren (16%).
Sanders deslanchou nos últimos meses, superando as dúvidas, após sofrer um infarto em outubro.
Depois de fechar 2019 com números impressionantes de arrecadação, no fim de semana, sua equipe de campanha se lançou contra outros candidatos, apontando o dedo para Biden com seu voto a favor da guerra no Iraque em 2002.
O senador progressista defende um sistema de cobertura de saúde universal, um plano de luta contra o aquecimento climático e o cancelamento de parte das dívidas estudantis.
Além disso, propõe uma moratória para as deportações e um sistema migratório aberto para os refugiados, em um momento no qual o governo Trump restringe as chegadas de estrangeiros.
Com seu avanço nas pesquisas, surgiram vazamentos sobre sua campanha que complicam sua posição.
Até agora, Sanders evitou se chocar com Warren, já que são politicamente próximos e dizem ser amigos.
Neste fim de semana, porém, o site Politico publicou uma matéria, descrevendo como os voluntários da campanha de Sanders são treinados para destacar pontos fracos da senadora. Warren reagiu, manifestando sua “decepção” à imprensa.
Enquanto isso, Trump parece se comprazer com os conflitos, os quais comenta com frequência.
“Todo mundo sabe que sua campanha está morta”, afirmou, referindo-se ao declínio de Warren nas pesquisas.
Depois, divertiu-se com um possível distanciamento entre Warren e Sanders.
Já Biden chegou fortalecido ao debate. Vem contando com o apoio de vários congressistas jovens, que defendem-no como a melhor opção para recuperar eleitores que decidiram votar em Trump em 2016.
Mas aos 77 anos, o ex-vice precisa superar as reservas quanto à sua idade e a seu equilíbrio e saúde mental, alimentadas por suas gafes recorrentes.