REUTERS – Os Estados Unidos estão revisando as descobertas de documentos financeiros chamados de “Pandora Papers”, mas não estão em uma posição de fazer comentários específicos, afirmou o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Ned Price, nesta segunda-feira.
Um número imenso de documentos vazados foi publicado por uma série de grandes organizações jornalísticas no domingo, supostamente ligando líderes mundiais a fundos secretos de recursos, entre eles o Rei Abdullah da Jordânia, o primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, e associados ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.
“É claro que já vimos reportagens sobre os Pandora Papers, e não estamos em posição de comentar especificamente os achados, que estão sendo revisados”, disse Price em um pronunciamento à imprensa.
Price disse que o governo norte-americano foca no fortalecimento da transparência financeira e investiga possíveis atividades ilícitas.
Ao abordar uma pergunta específica sobre a Jordânia, que recebe auxílio significativo dos Estados Unidos, Price disse que a assistência do governo norte-americano a Amã está “de acordo com os interesses diretos de segurança nacional dos Estados Unidos”.
“Nós conduzimos cuidadosamente monitoramento e avaliações de todos os nossos programas para garantir que eles sejam implementados de acordo com o propósito e a intenção”, disse.
De acordo com as organizações jornalísticas que revisaram os Pandora Papers, eles mostram que o Rei Abdullah, um aliado norte-americano próximo, utilizou contas em empresas offshore para gastar mais de 100 milhões de dólares em casas de luxo no Reino Unido e nos Estados Unidos.
3 presidentes e 10 ex-líderes da América Latina teriam empresas offshores – Veja 13 presidentes e ex-presidentes que teriam contas em offshores, segundo o Pandora Papers:
– Sebastián Piñera, presidente do Chile
O presidente chileno teria várias empresas registradas nas Ilhas Virgens Britânicas. As firmas teriam recebido remessas de dinheiro entre 1997 e 2000. Porta-voz de Piñera disse que o presidente e sua família não controlam investimentos no exterior atualmente.
– Luis Abinader, presidente da República Dominicana
O presidente dominicano teria duas empresas no Panamá junto com seus irmãos. Quando assumiu a presidência em 2000, Abinader declarou ter 9 empresas offshore e ainda não se pronunciou sobre o Pandora Papers.
– Guillermo Lasso Mendoza, presidente do Equador
Lasso estaria vinculado a 14 empresas no Panamá, Estados Unidos e Canadá, sendo ao menos 10 delas inativas deste sua candidatura presidencial em 2017. Ele alega que cumpriu a lei equatoriana que proíbe candidatos e funcionários públicos de manterem empresas offshore.
– Porfirio Lobo Sosa, ex-presidente de Honduras
Lobo teria três empresas no Panamá, duas enquanto foi presidente.
– Horacio Cartes, ex-presidente do Paraguai
Cartes e sua família estariam vinculados a empresas offshore com valor acima de U$ 1 milhão. Sua defesa alega que a empresa está declarada ao governo paraguaio.
– Andrés Pastrana, ex-presidente da Colômbia
Pastranha seria dono de uma empresa no Panamá desde 2016 – ele alega ter declarado a empresa às autoridades fiscais.
– César Gaviria, ex-presidente da Colômbia
Gaviria teria várias empresas no Panamá e Ilhas Virgens Britânicas – ele se recusou a responder às acusações.
– Francisco Flores, ex-presidente de El Salvador
Flores teria várias empresas no Panamá e nas Ilhas Virgens Britânicas que teria depositado quase U$ 1 milhão em uma conta pessoal em um banco panamenho. Flores morreu em 2016.
– Alfredo Félix Burkard, ex-presidente de El Salvador
Burkard teria ao menos 15 empresas offshores nas Ilhas Virgens Britânicas e Panamá, com membros de sua família ocupando posições como sócios ou diretores. Sua defesa alega estar dentro da lei.
– Juan Carlos Varela, ex-presidente do Panamá
Varela teria uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas durante todo seu governo. Ele segue acionista da empresa e argumenta que notificou às autoridades durante sua candidatura à presidência.
– Ernesto Pérez Balladares, ex-presidente do Panamá
Balladares seria diretor de três empresas offshore, sendo duas criadas sob seu governo. Ele não respondeu às acusações.
– Ricardo Martinelli Berrocal, ex-presidente do Panamá
Martinelli seria acionista de várias empresas offshore e que a usaria com para receber subornos da Odebrecht em contratos públicos. Berrocal nega as acusações
–Pedro Pablo Kuczynski, ex-presidente do Peru
Kuczynski teria uma emrpesa aberta nas Ilhas Virgens Britânicas enquanto ministro das Finanças – a empresa também aparece nas acusações de corrupção nas investigações locais de corrupção da Odebrecht. Ele não respondeu às acusações.