JSNEWS – Em 11 de junho, o Departamento de Justiça dos EUA (DOJ) emitiu um memorando, assinado pelo Procurador-Geral Assistente Brett A. Shumate, que intensifica a desnaturalização de cidadãos americanos naturalizados, alinhando-se à agenda da administração Trump de combate ao crime e reforço das políticas de imigração. A diretriz orienta procuradores a “priorizar e perseguir ao máximo” processos civis contra indivíduos que obtiveram cidadania por fraude, como ocultar crimes ou mentir no processo de naturalização, ou que representem “perigo à segurança nacional”.
Entre as dez categorias prioritárias estão terroristas, criminosos de guerra, traficantes humanos, autores de crimes sexuais, como posse de material de abuso sexual infantil, e envolvidos em fraudes financeiras, incluindo esquemas contra o Programa de Proteção de Pagamento (PPP) e Medicaid/Medicare. Também são alvos aqueles ligados a gangues criminosas, organizações transnacionais ou cartéis de drogas, mesmo sem condenação formal, o que gera críticas pela vagueza.
Um caso recente ilustra a aplicação: Elliott Duke, veterano do Exército naturalizado em 2013, perdeu a cidadania em 13 de junho de 2025 por não divulgar condenações por crimes sexuais, enfrentando risco de apatridia após renunciar à cidadania britânica. Outros casos, como o de Norma Borgono, que perdeu a cidadania por fraude postal, e Iyman Faris, desnaturalizado por ligações com terrorismo, mostram a amplitude da política.
A desnaturalização civil, que exige “evidências claras e convincentes” mas não garante direito a advogado, é criticada por violar o devido processo, segundo especialistas como Cassandra Robertson. Há temores de perfilamento político, como na proposta de investigar Zohran Mamdani, candidato a prefeito de Nova York, e de impacto desproporcional nos 25 milhões de cidadãos naturalizados, criando um sistema de cidadania de “segunda classe”.
Paralelamente, o DOJ desenvolve um sistema de dados de cidadania com o DHS, para, supostamente, verificar possíveis fraudes cometidas por eleitores e que poderiam facilitar desnaturalizações. Defensores conservadores apoiam a medida como proteção contra “criminosos e terroristas”, mas alertam para possíveis abusos e erosão da confiança no processo de naturalização.