O desembargador Eduardo Almeida Prado Rocha de Siqueira, do Tribunal de Justiça de São Paulo, se diz arrependido e pede desculpas pelo episódio em que chamou de “analfabeto” o guarda municipal Cícero Hilário Roza Neto, 36 anos, além de ter rasgado e jogado no chão uma multa pelo desrespeito ao uso obrigatório de máscara na praia de Santos, no último sábado, 18.
Por meio de nota divulgada na quinta-feira, 23, o desembargador afirma: “me exaltei, desmedidamente, com o guarda municipal Cícero Hilário, razão pela qual venho a público lhe pedir desculpas”. Siqueira afirma que sua atitude teve como “pano de fundo uma profunda indignação com a série de confusões normativas que têm surgido durante a pandemia – como a edição de decretos municipais que contrariam a legislação federal – e às inúmeras abordagens ilegais e agressivas que recebi antes, que sem dúvida exaltam os ânimos”, diz trecho do documento.
“Nada disso, porém, justifica os excessos ocorridos, dos quais me arrependo”, escreveu o magistrado. O desembargador já havia dado sinais de mudança de postura em relação ao episódio do final de semana quando reapareceu na orla de Santos usando máscara nos últimos dias.
“O guarda municipal Cícero Hilário só estava cumprindo ordens e, na abordagem, atuou de maneira irrepreensível. Estendo as desculpas a sua família e a todas as pessoas que se sentiram ofendidas”, diz outro trecho da nota do desembargador.
Por conta do episódio, o guarda municipal Cícero Hilário afirmou que cogitava pedir um afastamento temporário das ruas, pois temia retaliações a partir da repercussão do caso. “A gente fi ca com receio até da própria segurança física.
A gente trabalha com segurança e já viu outros episódios. Eu tive total apoio do meu chefe e da prefeitura. Foi a minha família que pediu para ver a possibilidade de fi car interno. É algo que não descarto”, disse ao Estadão na última terça- -feira, 21.