O corregedor nacional de Justiça em exercício, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, determinou a abertura de Pedido de Providências para apurar conduta da desembargadora Marília Castro Neves, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ), após a magistrada dizer, em sua conta no Facebook, que, ‘depois do decreto do Bolsonaro’, o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, Guilherme Boulos, ‘vai ser recebido na bala’.
O colegiado abriu o procedimento para apurar se a desembargadora teve ‘conduta vedada aos magistrados, em decorrência de postagens feitas por ela em redes sociais’. A desembargadora compartilhou um meme do perfil Eu Apoio Bolsonaro com a foto de Boulos e a frase: “a tristeza no olhar de quem sabe que vai ser recebido na bala depois do decreto do Bolsonaro”.
Boulos rebateu. “Essa desembargadora é um exemplo de como não deve se portar um magistrado. Ao invés de equilíbrio, ameaças. Tem arroubos nas redes sociais que deveriam envergonhar um adolescente. Atacou covardemente a memória de Marielle, ameaçou Jean Wyllys e agora incita a violência contra mim. Onde vai parar?
Vamos tomar as providências jurídicas e esperamos que o Judiciário coloque limites a essa conduta inconsequente e flagrantemente ilegal” Segundo Corrêa da Veiga, tramitam no CNJ cinco procedimentos disciplinares contra a magistrada, todos relativos ao uso das redes sociais de forma incompatível com os “princípios que norteiam a conduta do magistrado”. No seu perfil nas redes sociais, a desembargadora considerou a reação ao comentário sobre Boulos como “tipo de censura” e “discurso de ódio”, alegando que “É assim que começa a ditadura”.