JUNOT – Em 2025, jovens imigrantes do ensino médio nos EUA enfrentam um clima de incerteza diante das ações do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE). Sob o segundo mandato de Donald Trump, políticas migratórias mais rígidas, como a revogação da proteção a “locais sensíveis” (escolas, igrejas), intensificaram as detenções de estudantes, muitos dos quais chegaram ao país ainda crianças.
Seis casos registrados neste ano sugerem um padrão nas operações do ICE, atingindo jovens em tribunais, atividades escolares e até paradas de trânsito. O medo gerado por essas ações provoca absenteísmo nas salas de aulas e traumas.
Casos que Ilustram o Padrão
Em 31 de maio de 2025, Marcelo Gomes Da Silva, um brasileiro de 18 anos da Milford High School, Massachusetts, foi detido pelo ICE a caminho de um treino de vôlei. Sem antecedentes criminais, sua prisão gerou protestos com mais de mil pessoas, incluindo a governadora Maura Healey, que exigiu esclarecimentos.
Em 21 de maio, Dylan Josué López Contreras, venezuelano de 20 anos da Ellis Prep Academy, no Bronx, foi preso após uma audiência de imigração, apesar de estar em processo legal de asilo. Cerca de 500 manifestantes pediram sua libertação.
Em Dalton, Geórgia, Ximena Arias Cristobal, uma adolescente, foi detida por engano no início de maio, liberada após pressão comunitária.
Em Sackets Harbor, Nova York, três estudantes, incluindo um de uma escola que abrange ensino médio, foram detidos em 27 de março, mas liberados em abril após mobilização.
Em Detroit, Michigan, um estudante colombiano da Western International High School foi preso em 27 de maio durante uma viagem de campo, após uma parada de trânsito escalar para a custódia do ICE. Em Somerville, Massachusetts, uma tentativa de deter estudantes no final de maio foi frustrada por ação comunitária.
Esses casos revelam um padrão: o ICE visa jovens imigrantes, frequentemente sem antecedentes criminais, em contextos variados – tribunais, atividades rotineiras, operações comunitárias ou paradas de trânsito. A expansão do programa 287(g), que permite cooperação policial local com o ICE, e a deportação acelerada intensificam essa vulnerabilidade. Embora o ICE afirme evitar operações em escolas, o impacto psicológico é inegável, com quedas na frequência escolar e aumento da ansiedade.
O medo de detenções está afastando alunos das salas de aula. Em Chicago, a frequência caiu para 50-80% após rumores de operações do ICE. Em Martha’s Vineyard, o absenteísmo escolar atingiu 40% devido a boatos, como um aviso falso em português sobre drones. Em Denver, uma operação do ICE perto de uma escola em 5 de fevereiro reduziu a frequência de 95% para 85%.
Esse absenteísmo ameaça o progresso educacional de jovens imigrantes, muitos dos quais dependem da escola para mobilidade social. O trauma também é preocupante: em San Diego, professores relataram crises de saúde mental entre alunos temerosos pela deportação de familiares
Ações das Escolas para Minimizar Danos
Escolas estão respondendo, embora de forma desigual, com medidas para proteger alunos e reduzir o impacto do medo:
Workshops “Conheça Seus Direitos”: Em Chicago, a “Sanctuary Series” distribui cartões “Conheça Seus Direitos”, ensinando a usar a Quinta Emenda e exigir mandados judiciais.
Em Massachusetts, a Boston Teachers Union organiza workshops bilíngues para comunidades latinas e brasileiras. Parcerias com a ACLU fortalecem essas iniciativas, orientando sobre planos de emergência, como designar responsáveis legais para crianças.
- Políticas de “Zona Segura”: Baseadas em Plyler v. Doe (1982), escolas em Nova York e Denver proíbem a entrada do ICE sem mandado judicial e notificam pais imediatamente. Essas políticas precisam ser mais divulgadas para tranquilizar famílias.
- Combate à Desinformação: Canais como boletins bilíngues podem desmentir rumores, como o de Martha’s Vineyard, reduzindo o pânico.
- Apoio à Saúde Mental: Escolas como as de San Diego oferecem aconselhamento para traumas, enquanto programas socioemocionais e grupos de apoio, em parceria com ONGs, promovem resiliência.
- Prevenção em Paradas de Trânsito: Casos como o de Detroit destacam o risco de paradas policiais. Escolas podem incentivar caronas solidárias, ônibus escolares ou caminhadas em grupo, além de orientar alunos a carregar cartões “Conheça Seus Direitos”.
Os casos de 2025 mostram que jovens imigrantes enfrentam um momento difícil, mas a solidariedade comunitária – vista em protestos em Milford e Somerville – oferece esperança. Escolas podem transformar o medo em ação por meio de educação, proteção e apoio emocional. Para jovens indocumentados, medidas simples, como usar transporte escolar e criar planos de check-in, aumentam a segurança. Alertar esses jovens é essencial para garantir que a escola permaneça um espaço de oportunidade, não de temor.