JSNEws – Senadores republicanos alertam que a agenda do presidente Trump enfrentará atrasos devido a divisões internas no partido. O líder da maioria no Senado, John Thune (R-S.D.), informou aos colegas que o Senado dificilmente aprovará as propostas de segurança na fronteira, energia e tributação antes de julho, com alguns senadores prevendo que o processo pode se estender até o outono.
Embora a atenção em Washington esteja voltada para os obstáculos na Câmara, onde o presidente Mike Johnson (R-La.) depende de uma maioria estreita, senadores republicanos destacam que a aprovação de um pacote abrangente no Senado levará meses adicionais, devido à ambição da agenda de Trump e às divergências internas sobre políticas.
Thune planeja avançar uma resolução orçamentária antes do recesso de abril, mas o “produto final” só deve estar pronto meses depois. Um senador republicano revelou que Thune considera o cronograma da Câmara — que mira abril ou maio — irrealista, apontando que a proposta orçamentária da Câmara precisa de revisão completa.
Johnson, por sua vez, afirmou em março à CNBC que busca aprovar um pacote de reconciliação orçamentária antes da Páscoa, estendendo os cortes de impostos de 2017 e abordando segurança na fronteira e energia. Ele acredita que isso poderia chegar à mesa de Trump até maio. No entanto, senadores republicanos descartam essa previsão, citando discordâncias sobre política tributária, gastos com defesa e cortes em programas sociais.
Um segundo senador indicou que a liderança prevê a aprovação entre julho e setembro, destacando falta de consenso em discussões internas. Ele espera que a Câmara lidere o processo para evitar atrasos maiores. O presidente do Comitê de Orçamento do Senado, Lindsey Graham (R-S.C.), afirmou que o orçamento aprovado pela Câmara exige “revisão significativa”.
A maioria dos senadores republicanos apoia a estratégia de Mike Crapo (R-Idaho), presidente do Comitê de Finanças, de usar uma baseline de “política atual” para estimar custos, evitando que a extensão dos cortes tributários de 2017 seja contabilizada como déficit. Contudo, senadores como Bill Cassidy (R-La.) e Todd Young (R-Ind.) questionam essa abordagem, preocupados com déficits federais e juros.
Outras questões incluem a proposta de republicanos de estados ricos para elevar o limite de dedução de impostos locais (atualmente US$ 10 mil) e os pedidos de Trump para isentar gorjetas e benefícios previdenciários de tributação, medidas que podem custar até US$ 1,5 trilhão em dez anos. Graham ainda espera aprovar o pacote antes do recesso de agosto, mas Crapo evita previsões.
As divisões internas e a complexidade da agenda sugerem que o Senado terá um papel decisivo — e demorado — na definição do futuro das prioridades de Trump.
Impactos Econômicos das Reformas Propostas
As reformas propostas podem remodelar a economia americana de maneiras diversas. A extensão dos cortes de impostos de 2017, somada às isenções de gorjetas (US$ 200 bilhões em dez anos) e benefícios previdenciários (US$ 1,5 trilhão), poderia aumentar a renda disponível, estimulando o consumo em setores como varejo e hospitalidade. Por exemplo, trabalhadores de restaurantes e hotéis, que dependem de gorjetas, teriam mais poder de compra, potencialmente elevando as vendas em pequenas empresas. No entanto, o custo fiscal preocupa legisladores como Cassidy, que alertam para o aumento do déficit e a pressão sobre os juros, encarecendo financiamentos para infraestrutura e hipotecas.
A proposta de elevar o limite de dedução de impostos locais beneficiaria residentes de estados como Nova York e Califórnia, reduzindo a carga tributária em áreas de alto custo de vida e estimulando o mercado imobiliário local. Contudo, isso poderia ampliar desigualdades regionais, drenando recursos de estados menos abastados, como Arkansas, onde cortes no Medicaid — sugeridos no orçamento da Câmara em até US$ 880 bilhões — atingiriam populações vulneráveis. Tais cortes reduziriam despesas públicas, mas poderiam elevar os custos com saúde não segurada, sobrecarregando hospitais e aumentando a pobreza, o que impactaria negativamente o PIB a longo prazo.
No setor energético, as reformas poderiam impulsionar a produção de combustíveis fósseis, gerando empregos em estados como Texas e Dakota do Norte, mas a falta de incentivos claros para energias renováveis pode atrasar a transição verde, afetando indústrias emergentes e a competitividade global dos EUA. Já o aumento de gastos com defesa (de US$ 100 bilhões a US$ 175 bilhões, segundo Roger Wicker) fortaleceria a indústria militar, beneficiando empresas como Lockheed Martin e gerando empregos em estados industriais. Porém, financiar esse incremento exigiria cortes ou aumento de impostos, intensificando o debate fiscal.
Por fim, isentar benefícios previdenciários poderia aliviar idosos de baixa renda, mas reduziria a receita do governo, ameaçando a sustentabilidade do sistema previdenciário. Esses trade-offs econômicos — estímulo de curto prazo versus estabilidade fiscal — evidenciam os desafios de equilibrar crescimento e responsabilidade orçamentária nas reformas de Trump.