Por: Eliana Pereira Ignacio: Olá, meus caros leitores! Hoje vamos falar sobre um tema que toca a todos nós: a forma como lidamos com nossas próprias críticas internas e como podemos transformar essa voz autocrítica em uma aliada para nosso crescimento pessoal. Em meio às exigências diárias, é comum nos sentirmos pressionados a ser perfeitos, mas a chave para o bem-estar emocional está em aprender a ser gentil consigo mesmo.
A autocrítica, muitas vezes vista como motivação, é na verdade uma faca de dois gumes. Freud já apontava que aspectos da consciência moral podem se manifestar como autocobrança excessiva. Estudos contemporâneos, como os de Kristin Ne (2003), mostram que embora a autocrítica possa impulsionar a ação temporariamente, ela frequentemente leva a ansiedade, depressão e baixa autoestima.
Quando a voz interna se torna severa demais, passamos a sabotar nossos próprios esforços, dificultando o alcance de metas e sonhos.
É nesse ponto que entra a autocompaixão, definida por Kristin Ne como a capacidade de tratar-se com gentileza nos momentos de dor, reconhecendo que sofrer faz parte da experiência humana. Em vez de se punir pelos erros, a pessoa auto compassiva acolhe suas limitações, oferecendo incentivo interno e compreensão, como faria com um amigo querido. Essa abordagem não diminui a responsabilidade pessoal, mas reduz o sofrimento desnecessário e fortalece a confiança para continuar tentando.
Para lidar com críticas internas sem se sabotar, três passos são fundamentais:
- Reconhecimento: Identificar quando a mente começa a se julgar de forma injusta. Muitas vezes, a autocrítica surge automaticamente, exigindo atenção plena (mindfulness) para perceber seu impacto.
- Reinterpretação: Encarar erros como oportunidades de aprendizado, e não como provas de inadequação. A psicologia positiva enfatiza
o foco nas forças e recursos internos, fortalecendo a resiliência. - Ação auto compassiva: Praticar comportamentos de cuidado consigo mesmo, como reservar tempo para descanso, atividades prazerosas
e reafirmação de mensagens de incentivo interno.
A autocompaixão está diretamente ligada à motivação para alcançar objetivos e manter sonhos vivos. Pesquisas, como as de Breines & Chen (2012), mostram que pessoas auto compassivas experimentam menos medo de falhar e mantêm maior persistência em tarefas desafiadoras. Isso ocorre porque a autocompaixão reduz a ansiedade ligada ao julgamento interno, permitindo que nos concentremos em soluções, e não em autopunição. Com isso, desenvolvemos resiliência emocional, criatividade e coragem para enfrentar obstáculos sem desistir de nossos sonhos. Além disso, a autocompaixão fortalece a motivação intrínseca: o desejo de crescer, aprender e alcançar propósitos significativos.
Ao praticar a gentileza interior, criamos um ambiente seguro para explorar, experimentar e até falhar, sem que isso nos desmotive. Pequenas atitudes diárias podem reforçar esse processo, como manter um diário de autocompaixão, escrever mensagens de incentivo a si mesmo, ou praticar meditações guiadas e exercícios de respiração consciente. Com o tempo, essas práticas transformam nossa percepção de nós mesmos, promovendo autoestima, equilíbrio emocional e persistência. Outro ponto importante é compreender que a autocompaixão não é sinônimo de acomodação. Muitas pessoas têm medo de que, ao serem mais gentis consigo mesmas, acabem relaxando demais e perdendo disciplina. Porém, os estudos mostram justamente o contrário: a autocompaixão estimula a responsabilidade saudável.
Quando erramos, em vez de cair no ciclo da culpa, conseguimos reconhecer a falha, aprender com ela e tentar novamente com mais sabedoria. Esse processo aumenta as chances de sucesso, porque reduz o peso emocional da frustração e fortalece a motivação para continuar avançando.
Na vida prática, todos nós enfrentamos momentos em que a autocrítica parece mais forte: um projeto que não deu certo, uma entrevista malsucedida, uma relação que terminou.
Nesses momentos, a voz interna pode dizer: “Você não é bom o suficiente”, “Nunca vai conseguir”, ou “Melhor desistir”. É justamente aí que precisamos responder com outra voz: “Eu estou aprendendo”, “Posso tentar de novo”, “Meus erros não de nem quem eu sou”. Essa mudança de narrativa é poderosa, porque nos coloca em um ciclo de crescimento e não de paralisia. Em um mundo que constantemente exige resultados, é essencial lembrar que cuidar de si mesmo não é luxo, mas necessidade.
O caminho do autocrítico ao auto compassivo nos convida a abraçar nossas imperfeições, aprender com elas e cultivar um relacionamento interno mais saudável e motivador. Afinal, não é a ausência de falhas que sustenta nossos sonhos, mas a capacidade de lidar com elas com gentileza e resiliência.
“Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo.” Efésios 4:32
Até a próxima semana!!!
Eliana Pereira Ignacio é Psicóloga, formada pela PUC – Pontifícia Universidade Católica – com ênfase em Intervenções Psicossociais e Psicoterapêuticas no Campo da Saúde e na Área Jurídica; especializada em Dependência Química pela UNIFESP Escola Paulista de Medicina em São Paulo Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas, entre outras qualificações. Mora em Massachusetts e dá aula na Dardah University. Para interagir com Eliana envie um e-mail para epignacio_vo@hotmail.com ou info@jornaldossportsusa.com


