AE – O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou nesta 6ª feira as declarações feitas pelo presidente Jair Bolsonaro em meio aos recordes de mortes diárias por covid-19 registradas no Brasil. Para o tucano, Bolsonaro “é uma vergonha mundial”.
Nessa 5ª feira, o presidente criticou as medidas de isolamento social adotadas nos Estados para combater o coronavírus. “Chega de frescura, de mimimi, vão ficar chorando até quando? Temos que enfrentar os problemas”, disse.
“O presidente viaja, promove aglomerações, anda de jet ski, assa leitõezinhos em casa, exalta ‘chega de mimimi’, ‘parem de frescura’, ‘vão chorar até quando?’, ‘quer vacina, vai pedir pra sua mãe’. Triste, muito triste o país que tem um presidente da República que diante de uma pandemia desta ordem, mais de 260 000 brasileiros mortos, se comporta dessa maneira”, disse o governador, em coletiva no Palácio dos Bandeirantes.
“Nosso país virou uma ameaça sanitária ao mundo. Brasil hoje é o epicentro da pandemia (…) Que presidente é esse que nós elegemos para o Brasil? Que tristeza, uma vergonha mundial”, disse Doria, em entrevista a jornalistas no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo.
Nessa 5ª feira, o presidente também se irritou ao ser questionado por um apoiador sobre a vacinação contra o coronavírus e disse: “Tem idiota que a gente vê nas redes sociais, na imprensa, [dizendo] ‘vai comprar vacina’. Só se for na casa da tua mãe. Não tem [vacina] para vender no mundo”.
O governador ironizou a declaração de Bolsonaro: “Pergunte à sua mãe qual foi a vacina que ela recebeu”.
O governador também criticou o modo como o Ministério da Saúde, comandado pelo general Eduardo Pazuello, tem feito a distribuição de vacinas no país.
“Que ministério é esse que não consegue planejar, orientar e sequer fazer logística de vacinas? Do pouco que tem, ainda faz errado”, declarou.
O governador também falou sobre o soro para tratamento de pessoas com coronavírus, desenvolvido pelo Instituto Butantan. Segundo Doria, pedido para começar os testes em pacientes já foi protocolado na Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A expectativa é de que o uso seja liberado na próxima semana.
“O soro desenvolvido pelo Butantan tem grande potencial para evitar o agravamento dos sintomas e curar os contaminados pela covid-19”, afirmou o governador.
Os estudos clínicos do soro estão sendo conduzidos pelo infectologista Esper Kallás, da USP (Universidade de São Paulo), e pelo nefrologista José Medina, ambos integrantes do Centro de Contingência do Coronavírus do governo estadual. O objetivo da pesquisa é verificar a segurança e a eficácia do soro em pacientes infectados com o novo coronavírus. O Butantan já produziu 3.000 frascos do soro, que estão prontos para ser usados.
Sobre a CoronaVac, vacina contra a covid-19 desenvolvida pelo Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, ainda não há uma data para sair a autorização definitiva de uso, segundo o diretor do instituto, Dimas Covas. A Anvisa liberou em janeiro o uso emergencial o imunizante.