A cena se repete mais ou menos da mesma forma de segunda a sexta: no início da madrugada, uma fi la começa a se formar na porta do consulado do Brasil em Lisboa. Às 7h, uma hora antes de a repartição abrir as portas, aos brasileiros enfileirados ocupam quase todo o quarteirão. Sobrecarregada com a chegada de uma nova onda de imigrantes, a rede consular brasileira em Portugal dá sinal de esgotamento.
Cerca de mil pessoas buscam o consulado brasileiro de Lisboa todos os dias, mas o órgão só tem capacidade de atender até 750. Como a assistência é feita com base na ordem de chegada, as pessoas tentam de todas as formas garantir um lugar na dianteira da fila. A demanda crescente fez ressurgir uma prática comum há alguns anos: a venda de lugares e senhas para o atendimento.
Há quem madrugue para garantir uma boa posição na fila só para vendê-la a quem pagar mais depois. Muitos dos brasileiros que buscam agora o consulado são recém- -chegados ao país, em processo de legalização. Um dos documentos exigidos pelas autoridades migratórias é o certificado de bons antecedentes criminais, que deve ser obtido no consulado.
É o órgão também que atesta a veracidade de todos os documentos brasileiros, como certidões, carteiras de motorista e diplomas. Os números oficiais da imigração brasileira em Portugal em 2018 ainda não saíram, mas o SEF (Serviço de Estrangeiros e Fronteiras) admitiu em entrevista ao jornal Público que houve no período um “aumento significativo” de cidadãos do Brasil residindo no país.
Em 2017, houve alta de 5,6% no número de brasileiros em Portugal, após seis anos de queda na quantidade de migrantes. Em nota, o site do consulado informa que retomou, nesta semana, o agendamento de pedidos online, o que deve contribuir para reduzir as fi las.