FOLHAPRESS – O novo ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, removeu o embaixador nos EUA, Nestor Forster, e a cônsul em Nova York, Maria Nazareth Farani Azevêdo, ambos identificados com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A portaria que confirma a remoção foi assinada na última sexta-feira (6) e publicada nesta segunda (9) no Diário Oficial da União.
Indicados aos cargos por Bolsonaro, as saídas eram dadas como certas logo no começo do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e não têm relação com os ataques golpistas em Brasília deste domingo.
Forster tem bom trânsito em Washington e experiência nessa representação diplomática desde os anos 1990, atuando inclusive sob governos petistas, mas sua defesa aberta de Bolsonaro durante o período no cargo, além do elo com figuras do bolsonarismo, colocaram-no no topo da lista de trocas do novo governo.
Durante a campanha, ele escreveu duas cartas à imprensa americana, ao New York Times e à Bloomberg News, rebatendo artigos sobre a escalada autoritária no país e com críticas à política ambiental. O mesmo expediente foi usado em respostas a congressistas democratas contrários ao hoje ex-presidente.
Além disso, o embaixador era amigo próximo de Olavo de Carvalho, guru do bolsonarismo. Homenageou-o em diferentes oportunidades e, após a morte do escritor, publicou em um perfil em rede social da embaixada que Olavo “deixa um legado duradouro por meio de seu vasto trabalho”.
Lula foi convidado pelo governo de Joe Biden para viajar a Washington, e a expectativa é que a visita aconteça ainda em janeiro. O Itamaraty queria evitar que a viagem ocorresse com Forster ainda no cargo.
O embaixador tem agora 60 dias para voltar a Brasília. O novo ocupante do cargo precisa ser aprovado pelo Senado, que está em recesso e só volta em 1º de fevereiro. Até lá, o Itamaraty deve colocar no lugar um encarregado de negócios. Uma das opções é o número 2 do órgão, Bernardo Paranhos Velloso.
A outra troca publicada nesta segunda é a de Maria Nazareth Farani Azevêdo, cônsul em Nova York. Chefe de gabinete do então chanceler Celso Amorim de 2005 a 2008, no governo Lula, ela chegou a ser cogitada como chanceler da ex-presidente Dilma Rousseff, antes de se aproximar do bolsonarismo.
O episódio mais marcante ocorreu quando ela bateu boca com o ex-deputado federal Jean Wyllys no Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2019 para defender Bolsonaro. Na ocasião, ela era chefe da delegação do Brasil em Genebra. Desde 2021, era cônsul na metrópole americana. Nazareth é casada com o ex-diretor-geral da Organização Mundial do Comércio Roberto Azevêdo.