JSNEWS – Um ataque a faca ocorrido no último sábado, 26, em um supermercado Walmart em Traverse City, Michigan, deixou 11 pessoas feridas e abalou a tranquilidade da comunidade local. O incidente, descrito pelas autoridades como um ato de violência aleatória, foi perpetrado por Bradford James Gille, de 42 anos, residente de Afton, Michigan, que enfrenta acusações de terrorismo e 11 contagens de agressão com intenção de homicídio. A gravidade do episódio, aliado ao histórico de saúde mental do agressor, reacende discussões sobre a gestão de transtornos psiquiátricos graves e a segurança em espaços públicos.
O incidente ocorreu por volta das 16h45, quando Gille entrou no Walmart e, após 35 minutos, iniciou uma série de ataques com uma faca dobrável de 3,5 polegadas. As vítimas, que estavam em áreas como a seção de caixas, farmácia e corredores de alimentos, foram alvos aparentemente aleatórios. O grupo, composto por seis homens e cinco mulheres com idades entre 29 e 84 anos, sofreu ferimentos graves, com uma vítima esfaqueada no olho e outras três submetidas a cirurgias. Até o domingo, 27 de julho, uma vítima recebeu alta, cinco estavam em condição estável, quatro em estado grave e uma em estado crítico.
A rápida intervenção de um civil armado e de outro indivíduo, descrito em relatos locais como um “homem negro” que realizou um “gesto heróico”, foi crucial para conter o agressor e evitar mais vítimas. Gille foi detido no local pela polícia, que agora investiga os detalhes do ataque.
FBI personnel are responding to provide any necessary support to the Grand Traverse County Sheriff’s Office in their investigation of the attacks at the Walmart.
— Dan Bongino (@FBIDDBongino) July 26, 2025
O Agressor, Bradford James Gille, natural de Afton, Michigan, possui um histórico criminal que inclui acusações de agressão, violência doméstica, embriaguez pública e vandalismo. Diagnosticado com esquizofrenia paranóide há cerca de 26 anos, conforme relato de sua mãe em 2007, Gille frequentemente se recusava a tomar medicação, o que pode ter contribuído para um possível surto psicótico. No dia do ataque, autoridades do condado de Emmet já o procuravam com base em uma ordem judicial não especificada, sugerindo preocupações prévias com seu comportamento.
Embora Gille tenha publicado livros de forma independente, nos quais se descrevia como cristão renascido, não há evidências de que motivações ideológicas ou religiosas tenham impulsionado o ataque. O xerife Michael Shea classificou o incidente como um “ato de violência aleatória”, e a promotora Noelle Moeggenberg destacou que a acusação de terrorismo reflete o impacto do episódio na comunidade, que agora enfrenta medo e insegurança.
O ataque expõe falhas no sistema de saúde mental dos Estados Unidos, onde o acompanhamento de pacientes com transtornos graves, como a esquizofrenia, nem sempre é eficaz. A recusa de Gille em aderir ao tratamento levanta questões sobre como monitorar indivíduos com histórico de comportamento instável sem violar seus direitos. Especialistas apontam que programas comunitários, como o Assertive Community Treatment (ACT), e ordens judiciais para tratamento ambulatorial poderiam ser alternativas ao confinamento compulsório, que gera debates éticos e legais.
No Brasil, a Lei da Reforma Psiquiátrica (10.216/2001) prioriza tratamentos humanizados em centros como os CAPS, evitando internações desnecessárias. Nos EUA, legislações como o Lanterman-Petris-Short Act estabelecem critérios rigorosos para internações involuntárias, exigindo prova de perigo iminente. O caso de Gille reforça a necessidade de equilibrar segurança pública com a preservação da autonomia individual.
O incidente chocou Traverse City, uma cidade conhecida por sua tranquilidade. Testemunhas relataram cenas de pânico, com clientes correndo e gritando enquanto Gille atacava. A intervenção de civis, incluindo um indivíduo armado, gerou discussões sobre o papel de cidadãos em situações de crise, especialmente em um país onde o porte de armas é amplamente debatido. A promotoria do condado de Grand Traverse continua investigando para esclarecer as circunstâncias do ataque, incluindo possíveis gatilhos para o comportamento de Gille.
O ataque no Walmart de Traverse City é um lembrete doloroso dos desafios enfrentados por sistemas de saúde mental e segurança pública. Embora a esquizofrenia esteja associada à violência em menos de 10% dos casos, segundo o National Institute of Mental Health, incidentes como este destacam a importância de intervenções precoces e acessíveis. A sociedade agora enfrenta o desafio de encontrar soluções que protejam sem estigmatizar, promovendo um equilíbrio entre cuidado e liberdade.