REUTERS – A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid) e a Organização Internacional de Migração (OIM) lançaram na terça-feira um programa para auxiliar a longo prazo milhares de imigrantes venezuelanos no Brasil.
Autoridades da Usaid disseram que a agência vai fornecer 4 milhões de dólares para financiar o programa que irá facilitar o acesso a trabalho formal, treinamentos corporativos e cursos de línguas para facilitar a integração econômica e social a imigrantes da Venezuela.
Dos 4,6 milhões de venezuelanos que fugiram da crise política e econômica em seu país, quase 900 mil cruzaram a fronteira para o Brasil desde 2018. Em média, 500 pessoas por dia ainda fazem a travessia, de acordo com o governo brasileiro.
A maioria também continua a fazê-lo em outros países, especialmente na América Latina de língua espanhola. Cerca de 264 mil venezuelanos se inscreveram para permanecer no Brasil, sobrecarregando os serviços sociais em Roraima.
O programa apoiado pela Usaid e pela OIM vai complementar os esforços do Exército brasileiro para transferir os imigrantes venezuelanos para cidades de outros pontos do país, onde há mais oportunidades de trabalho e de estabelecer uma nova vida.
Chamada de Integração Econômica de Nacionais Vulneráveis da Venezuela no Brasil, a medida foi lançada em Brasília por John Barsa, administrador adjunto da Usaid para a América Latina. Não é uma solução a longo prazo, mas fornece a ajuda necessária até que a estabilidade volte à Venezuela, disse ele.
“Isso só acontecerá quando o regime ilegítimo de Maduro não estiver mais no poder”, afirmou Barsa, reiterando a política de apoio do governo Trump ao líder da oposição Juan Guaidó, em detrimento ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.
A agência informou que já forneceu cerca de 15 milhões de dólares em apoio a venezuelanos no Brasil.
O governo Trump reduziu para 18 mil o número de refugiados de qualquer país cuja reinstalação nos EUA será permitida em 2020, o nível mais baixo da história do moderno programa de refugiados.
Desde abril de 2019, o Brasil transferiu 27.222 refugiados e imigrantes venezuelanos para diferentes cidades do país, disse o coronel do Exército Georges Kanaan, que dirige a operação logística humanitária das Forças Armadas na fronteira, elogiada pela OIM.
Em um desses voos estava José Ángel Pérez e sua família, de Anaco, no leste da Venezuela, onde era motorista de caminhão-tanque da petroleira estatal PDVSA. Ele espera que, com o novo programa, encontre trabalho estável no Brasil.
“Eu preciso de um emprego, assim como minha esposa. Planejamos ficar. A mudança não acontecerá rapidamente na Venezuela”, afirmou.