Da Redação – Os Estados Unidos estão prestes a adotar uma política migratória que passará a exigir o registro formal de cidadãos canadenses cuja permanência no território americano exceda 30 dias, conforme reportado pelo jornal The New York Times.
A medida, fundamentada em informações provenientes de autoridades canadenses não identificadas, constitui uma alteração na aplicação prática de dispositivos legais preexistentes na legislação imigratória norte-americana, os quais, até então, não eram plenamente impostos a visitantes do Canadá ingressantes por fronteiras terrestres.
Nos termos da normativa vigente, indivíduos estrangeiros com idade superior a 14 anos que planejem estadias superiores a 30 dias devem submeter-se ao registro pelas autoridades de controle fronteiriço, processo que inclui a coleta de dados biométricos, como impressões digitais. Historicamente, cidadãos canadenses beneficiavam-se de uma exceção tácita a essa exigência nas entradas terrestres, reflexo da contiguidade geográfica e da longa tradição de cooperação bilateral. Contudo, a administração do presidente Donald Trump, em uma reorientação de sua política migratória, sinaliza a intenção de revogar tal isenção, impondo maior rigor no monitoramento de fluxos transfronteiriços.
A justificativa apresentada pelo governo norte-americano para essa mudança centra-se na intensificação da segurança nacional, com ênfase na prevenção ao tráfico de entorpecentes. No entanto, especialistas sugerem que a medida também pode ser interpretada como parte de uma estratégia mais ampla de pressão econômica e diplomática, em um contexto marcado pela imposição de tarifas de 25% sobre produtos canadenses e mexicanos desde 4 de março de 2025, além de ameaças de elevação de tributos sobre setores estratégicos como aço, alumínio e automotivo.
Esse endurecimento ocorre em paralelo a recentes tensões bilaterais, exemplificadas pela suspensão de tarifas retaliatórias de Ontário sobre exportações de energia elétrica aos EUA, após negociações sob influência americana. Assim, a exigência de registro insere-se em um quadro complexo de disputas comerciais e securitárias, desafiando os paradigmas de cooperação histórica entre os dois países e demandando uma reavaliação das dinâmicas geopolíticas na América do Norte.