JSNEWs – Os Estados Unidos padecem de uma escassez habitacional que se aproxima de quatro milhões de unidades residenciais, conforme persiste o denominado hiato habitacional. Embora a construção de novas moradias tenha registrado, em 2024, o primeiro incremento desde 2016, a defasagem total, estimada em 3,8 milhões de unidades, mantém-se significativa, segundo análise recente conduzida pela Realtor.com que avaliou essa lacuna no abastecimento habitacional valendo-se de dados referentes à construção de novas residências, à formação de novos núcleos familiares e à demanda reprimida por habitação e constatou que, em 2024, mais de 1,6 milhão de unidades foram concluídas, cifra que representa o maior volume em quase duas décadas.
Contudo, a despeito desse avanço notável, o relatório assinala que o hiato habitacional perdurou, em virtude da magnitude do déficit histórico e da contínua pressão exercida pela demanda acumulada de novos lares.
O mercado imobiliário logrou progressos em 2024, tanto no incremento de estoque novo quanto no de unidades existentes; todavia, os níveis de oferta permaneceram aquém daqueles verificados antes da pandemia, e a falta de acessibilidade financeira restringiu a capacidade de compra, conforme observado no estudo. Os construtores, por sua vez, depararam-se com entraves como regulamentações de zoneamento e licenciamento, bem como o encarecimento dos materiais, fatores que dificultam sobremaneira a edificação de moradias a preços módicos.
Considerando o ritmo de construção de 2024 em relação à formação de novos lares e à demanda reprimida, a análise projeta que seriam necessários sete anos e meio para sanar integralmente essa lacuna. Tal déficit tem afetado sobremodo as gerações mais jovens, para as quais a aquisição de um imóvel tornou-se crescentemente inviável com rendimentos médios ou ordinários.
A Crise Habitacional em Massachusetts: Um Exemplo de Escassez Proporcional
No âmbito regional, o Sul exibe o maior hiato habitacional em termos absolutos, com cerca de 1,9 milhão de unidades em falta, mas o menor quando proporcional ao total construído. O Nordeste, por seu turno, lidera em escala relativa, com aproximadamente 900 mil unidades deficitárias, e Massachusetts destaca-se como um caso paradigmático. Estima-se que o estado enfrente uma carência de cerca de 200 mil moradias, sendo um dos mais afetados proporcionalmente no país.
Em 2024, a construção local acrescentou apenas cerca de 10 mil unidades, insuficientes frente à formação de novos lares e à demanda impulsionada pelo crescimento em áreas como Boston, onde o preço médio de uma residência supera os 700 mil dólares. Regulamentações estritas de zoneamento e os elevados custos de terrenos e materiais agravam essa lacuna, tornando Massachusetts um símbolo das dificuldades regionais no Nordeste.
Outras regiões, como o Meio-Oeste e o Oeste, também enfrentam desafios próprios, com déficits de 600 mil e 1,3 milhão de unidades, respectivamente. Contudo, a intensidade proporcional da crise em Massachusetts sublinha as disparidades que moldam o cenário habitacional americano, evidenciando a complexidade de se equilibrar oferta e acessibilidade em diferentes contextos geográficos.