Da Redação – Na quarta-feira, um juiz federal libertou Mohsen Mahdawi, 34 anos, um estudante palestino da Universidade Columbia que liderou protestos contra a presença de Israel em Gaza. Ele foi detido por autoridades de imigração durante uma entrevista para formalizar sua cidadania americana e estava confinada na Northwest State Correctional Facility, localizada em St. Albans no estado americano de Vermont.
Desde o início do governo Trump, autoridades de imigração têm detido estudantes universitários estrangeiros em todo o país que se envolveram em atos violentos durante os protestos contra a guerra em Gaza, que, de acordo com o Hamas, já teria custado a vida de mais de 52 mil palestinos, um conflito que foi desencadeada por ataques do grupo terrorista Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, seguidos por uma resposta militar israelense.
Ao deixar o tribunal em Vermont, Mahdawi liderou centenas de apoiadores em gritos de “Sem medo” e “Palestina Livre” e fez um discurso que defendeu a união em prol da “democracia e da humanidade”.
“Nunca abandonem a ideia de que a justiça prevalecerá”, declarou. “Queremos defender a humanidade, pois o mundo — não apenas a Palestina — está nos observando. O que acontece nos EUA impactará o restante do planeta”, disse o ativista palestino que estava preso desde 14 de abril.
Na decisão de libertação, o juiz Federal Geoffrey Crawford afirmou que o estudante apresentou uma “alegação consistente” de que sua prisão visava silenciar seu discurso, protegido pela Primeira Emenda.
“Mesmo que fosse um ativista fervoroso, sua conduta está amparada pela Constituição”, escreveu o juiz, destacando que ofender adversários políticos ou preocupar o Departamento de Estado não justifica sua detenção.
O governo americano argumenta que Mahdawi pode ser deportado com base na Lei de Imigração e Nacionalidade, alegando que sua presença e ações, segundo o Secretário de Estado Marco Rubio, teriam “graves consequências para a política externa” e comprometeriam interesses nacionais. Um advogado do governo também mencionou uma investigação do FBI de 2015 que o classificaria como ameaça à segurança.
Segundo documentos judiciais, Mahdawi nasceu em um campo de refugiados na Cisjordânia, ocupada por Israel, e chegou aos EUA em 2014. Ele organizou protestos na Columbia até março de 2024 e cofundou a União de Estudantes Palestinianos da universidade com Mahmoud Khalil, outro residente permanente palestino e estudante de pós-graduação, preso em março.
Khalil segue detido há quase dois meses em um centro correcional na Louisiana. Um juiz de imigração determinou que ele pode ser deportado por representar um risco à segurança nacional.
Em outro caso notório, Rümeysa Öztürk, estudante turca da Universidade Tufts, foi detida em março, segundo seus advogados, em retaliação a um artigo de opinião publicado no jornal estudantil.
Desde o final de março, mais de mil estudantes universitários no país tiveram seus vistos cancelados ou status legal revogado, conforme análise da Associated Press. Após ações judiciais, o governo federal anunciou que reverterá a revogação do status legal de estudantes internacionais, segundo um advogado do governo na sexta-feira.
O escritório do procurador federal não respondeu a pedidos de comentário sobre uma possível apelação da decisão.
Fora do tribunal, Mahdawi dirigiu-se diretamente ao presidente Donald Trump e seu governo: “Não tenho medo de vocês.” E acrescentou: “Se o medo desaparece, o que toma seu lugar? O amor. O amor é nosso caminho.”