JUNOT – Um estudo recente elaborado pela Federação para a Reforma da Imigração Americana (FAIR), organização que advoga por políticas migratórias mais restritivas, estima que o número de imigrantes ilegais nos Estados Unidos atingiu a cifra alarmante de 18,6 milhões em março de 2025. Comparado aos 16,8 milhões registrados em junho de 2023, esse número reflete um aumento de 11% em menos de dois anos e um crescimento de 28,2% — equivalente a 4,1 milhões de pessoas — desde dezembro de 2020. Tal escalada, segundo o relatório, é diretamente atribuível às políticas migratórias da administração Biden, cuja abordagem leniente agravou significativamente a crise na fronteira sul, com consequências econômicas e sociais profundas para as comunidades locais.
O relatório da FAIR, fundamentado em dados do Censo e ajustado para compensar uma subcontagem histórica de aproximadamente 40%, reconhece as limitações de estimativas precisas devido à natureza clandestina de entradas não registradas, overstays (permanência após o vencimento de vistos) e “gotaways” (migrantes que evadem as autoridades). Contudo, é inequívoco ao apontar que medidas como a expansão do parole humanitário e a liberação de migrantes no território americano sob a administração Biden foram catalisadores dessa crise. A FAIR critica, com justeza, a classificação de migrantes sob parole como detentores de “presença legal”, argumentando que tal status não equivale a uma condição jurídica legítima, configurando uma distorção deliberada da legislação migratória.
Impacto Econômico nas Comunidades Locais
A presença de 18,6 milhões de imigrantes ilegais impõe pressões imediatas e significativas sobre as comunidades locais, particularmente em áreas próximas à fronteira e em cidades-santuário. O relatório sugere que os custos associados à imigração irregular — incluindo gastos com saúde, educação, assistência social e segurança pública — recaem desproporcionalmente sobre os contribuintes locais.
Estimativas da FAIR indicam que o impacto fiscal líquido da imigração ilegal pode alcançar dezenas de bilhões de dólares anualmente, sobrecarregando orçamentos municipais e estaduais já fragilizados. Escolas superlotadas, aumento da demanda por serviços de emergência e pressões sobre a infraestrutura habitacional são exemplos concretos de como a crise migratória desestabiliza comunidades, especialmente aquelas com recursos limitados.
Por outro lado, é inegável que muitos imigrantes indocumentados contribuem para a economia americana, ocupando empregos em setores como agricultura, construção e serviços, frequentemente em condições precárias e com salários abaixo do mercado. Esses trabalhadores, embora sem status legal, geram receita tributária indireta por meio de impostos sobre consumo e, em alguns casos, contribuições fiscais diretas. No entanto, a ausência de regularização impede que essas contribuições sejam plenamente integradas ao sistema econômico, limitando o potencial de crescimento e estabilidade.
Crítica à Administração Biden e a Necessidade de Reforma
A administração Biden, ao priorizar políticas migratórias permissivas, demonstrou uma negligência reprovável em relação à soberania nacional e à sustentabilidade econômica das comunidades americanas. A ampliação do uso do aplicativo CBP One para agendamento de entradas e a implementação de programas de parole que permitiam voos diretos de migrantes com autorização de viagem temporária refletem uma abordagem que, longe de resolver a crise, aprofundou o caos migratório. Essas medidas, ao invés de promover uma imigração ordenada, incentivaram fluxos descontrolados, comprometendo a segurança pública e a coesão social.
Em contraste, a administração Trump, empossada em janeiro de 2025, adotou medidas enérgicas para reverter esse cenário. A suspensão dos programas de parole, o encerramento do uso do CBP One, a mobilização militar na fronteira e a intensificação de deportações resultaram em uma queda drástica nos cruzamentos ilegais, com apenas 8.326 registros em fevereiro de 2025, contra 189.913 no mesmo período de 2024.
Mais de 55 mil imigrantes ilegais foram removidos, evidenciando o impacto imediato de políticas migratórias rigorosas.
Proposta de Regularização Condicional
Diante desse quadro, é imperativo que qualquer discussão sobre regularização de imigrantes indocumentados seja conduzida com extremo rigor e responsabilidade. A legalização ampla e indiscriminada, como defendida por alguns setores, é inviável e contraproducente, pois recompensaria a imigração ilegal e estimularia novos fluxos migratórios. Contudo, a regularização seletiva de indocumentados que demonstrem integração aos valores americanos e contribuam efetivamente para a economia pode ser uma solução viável, desde que condicionada a uma triagem rigorosa.
Essa triagem, a ser conduzida pela administração federal, deveria avaliar o histórico de residência, contribuições econômicas, antecedentes criminais e esforços de integração cultural — como aprendizado do idioma inglês e adesão às normas cívicas americanas. Apenas aqueles que atendam a critérios objetivos de mérito e compromisso com a sociedade americana deveriam ser considerados para um caminho à legalização. Sem um censo detalhado da população indocumentada e uma avaliação minuciosa de seu impacto, qualquer tentativa de regularização mais ampla seria irresponsável, perpetuando a desordem migratória e erodindo a confiança pública nas instituições.
A crise migratória exacerbada pela administração Biden não apenas comprometeu a segurança das fronteiras, mas também impôs custos econômicos e sociais insustentáveis às comunidades locais. A reversão dessas políticas pela atual administração é um passo necessário, mas insuficiente. Uma reforma migratória abrangente deve combinar enforcement rigoroso com uma abordagem pragmática à regularização, reconhecendo as contribuições de imigrantes indocumentados que se alinham aos valores americanos, mas subordinando qualquer legalização a uma triagem meticulosa. Somente assim será possível restaurar a ordem, proteger a soberania nacional e promover uma imigração que fortaleça, e não fragilize, os Estados Unidos.