AP – O zepbound, novo medicamento para perda de peso aprovado nos Estados Unidos nessa quarta-feira (8), já entrou em análise na Agência Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil a Anvisa. A farmacêutica responsável pelo remédio, a Eli Lilly, confirmou já ter feito a submissão regulatória da indicação de obesidade para a tirzepatida, princípio ativo do fármaco, a ANVISA.
A agência brasileira tem um prazo de 365 dias para fazer a avaliação, mas que pode ser estendido por eventuais exigências da autarquia, como informações adicionais ou documentações complementares.
Nos EUA, o zepbound recebeu o aval da Food and Drug Administration (FDA), agência reguladora americana, para pacientes com obesidade ou com sobrepeso e uma comorbidade associada a ele – caso de diabetes tipo 2, dislipidemia, hipertensão, apneia do sono, entre outros problemas de saúde.
O remédio faz parte da nova geração das chamadas canetas emagrecedoras. O princípio ativo, a tirzepatida, é o mesmo presente no Mounjaro, medicamento também da Eli Lilly, mas cuja finalidade oficial é o tratamento da diabetes.
O Mounjaro já é amplamente utilizado de forma off label (finalidade diferente da bula) nos Estados Unidos para perda de peso. A injeção semanal foi aprovada pela Anvisa no fim de setembro para diabetes, mas ainda não tem previsão para chegar ao Brasil.
Na prática, o Zepbound e o Mounjaro têm o mesmo princípio ativo e são comercializados nas mesmas dosagens (2,5 mg, 5 mg, 7,5 mg, 10 mg, 12,5 mg e 15 mg). A única diferença entre eles é o objetivo oficial que consta na bula.
Avanço de novos remédios para obesidade
“A obesidade e o excesso de peso são condições graves que podem estar associadas a algumas das principais causas de morte, como doenças cardíacas, acidente vascular cerebral e diabetes. À luz das taxas crescentes de obesidade e excesso de peso nos Estados Unidos, a aprovação (nos EUA) aborda uma necessidade médica não satisfeita”, disse John Sharretts, diretor da Divisão de Diabetes, Distúrbios Lipídicos e Obesidade da FDA, em comunicado.
Nos estudos Surmount, que avaliaram a tirzepatida, a perda de peso após um tratamento de 72 semanas foi de em média 20,9%, na dosagem máxima, de 15 mg. Um outro acompanhamento por até 84 semanas, mostrou que o percentual pode chegar a 26,6%.
“A obesidade é uma doença crônica que pode resultar em complicações graves de saúde, incluindo doenças cardíacas, acidentes vasculares cerebrais e diabetes (…) Novas opções de tratamento trazem esperança para muitas pessoas com obesidade que lutam contra esta doença e procuram melhores opções para controlar o peso”, diz Joe Nadglowski, presidente e diretor-executivo da Obesity Action Coalition, em comunicado.
No Brasil, porém, não há estimativa para que mesmo o Mounjaro esteja disponível. Além disso, o Wegovy, da Novo Nordisk, remédio semelhante que foi aprovado para obesidade pela Anvisa em janeiro, também não pode ser encontrado no país.
A farmacêutica pretendia lançá-lo no segundo semestre, porém a alta demanda global levou ao adiamento dos planos. Agora, a expectativa é que o Wegovy chegue às farmácias em 2024.
Até lá, o uso off label do Ozempic tem se tornado cada vez mais comum para o emagrecimento. Isso porque, embora seja para diabetes tipo 2, a eficácia é superior ao Saxenda, única caneta para obesidade aprovada para a finalidade e disponível no Brasil.