
Na última quarta-feira, 2 de julho, o ex-campeão mundial de boxe na categoria peso-médio (2011-2012), Julio César Chávez Jr., foi detido em Studio City, Los Angeles, pelo Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos (ICE). A prisão, que chocou o mundo do esporte, ocorreu quatro dias após sua derrota para Jake Paul, em 28 de junho, em Anaheim, Califórnia. Chávez Jr., de 39 anos, enfrenta agora um processo de deportação para o México, onde também é alvo de um mandado de prisão por suposto envolvimento com o crime organizado.
As autoridades americanas, por meio do Departamento de Segurança Interna (DHS), apontam que Chávez Jr. está envolvido com o Cartel de Sinaloa, uma das organizações criminosas mais notórias do México. As acusações remontam a investigações iniciadas em 2022, quando agências mexicanas e americanas começaram a monitorar suas atividades. Um relatório do DHS, datado de dezembro de 2024, ainda durante do Governo Biden, classificou o ex-boxeador como uma “ameaça significativa à segurança pública” devido a evidências de suas conexões com o cartel, incluindo suposto envolvimento em atividades de tráfico de armas, munições e explosivos.
A ligação de Chávez Jr. com o Cartel de Sinaloa teria se intensificado por meio de sua esposa, Frida Muñoz, cidadã americana que, segundo investigações, manteve um relacionamento anterior com um dos filhos de Joaquín “El Chapo” Guzmán, ex-líder do cartel. Essa conexão foi um dos fatores que levaram à rejeição de seu pedido de residência permanente nos EUA, solicitado em abril de 2024, com base em seu casamento. O pedido foi negado devido a “múltiplas declarações fraudulentas” e à suspeita de que o casamento poderia estar vinculado a interesses do cartel.
No México, Chávez Jr. enfrenta um mandado de prisão emitido em março de 2023 pela Procuradoria-Geral da República (FGR), que o acusa de associação com o crime organizado e tráfico de armas. As investigações mexicanas apontam que ele teria facilitado a logística de transporte de armamentos para o Cartel de Sinaloa entre 2021 e 2023, período em que sua carreira no boxe já mostrava sinais de declínio.
Além das acusações relacionadas ao crime organizado, Chávez Jr. enfrenta acusações por porte de arma de fogo. Em 2 de julho de 2025, durante sua prisão, as autoridades encontraram uma arma de fogo em sua posse. Nos Estados Unidos, o porte de armas por estrangeiros é rigidamente regulamentado. Como Chávez Jr. estava no país com um visto de turista vencido (expirado em fevereiro de 2024), ele não possuía autorização legal para portar ou possuir uma arma de fogo.
De acordo com a legislação federal americana, apenas cidadãos dos EUA ou residentes permanentes legais (portadores de green card) podem adquirir ou portar armas de fogo, desde que cumpram os requisitos estaduais e federais, como verificações de antecedentes. Estrangeiros com vistos temporários, como o de turista, estão expressamente proibidos de possuir armas, exceto em casos específicos, como atividades de caça ou competições esportivas, mediante autorizações especiais. Não há registros de que Chávez Jr. tenha solicitado ou recebido tal permissão.
O porte da arma, portanto, foi considerado ilegal pelas autoridades, agravando sua situação jurídica. A arma em questão, segundo informações preliminares, era uma pistola semiautomática, e a posse foi classificada como uma violação direta das leis de imigração e de controle de armas. Este incidente será abordado em sua audiência marcada para 7 de julho de 2025, em um tribunal federal em Los Angeles, onde também serão discutidas questões relacionadas a seu tratamento contra dependência química.
Julio César Chávez Jr ingressou nos EUA em agosto de 2023 com um visto de turista, que permitia uma estadia de seis meses. Após a expiração do visto, ele permaneceu no país ilegalmente, o que motivou a ação do ICE. A prisão ocorreu em uma operação coordenada, com base em informações de inteligência que monitoravam suas atividades desde o final de 2024. A decisão de deportá-lo foi reforçada pelo mandado de prisão mexicano e pelas acusações de envolvimento com o crime organizado.
O advogado de Chávez Jr., Michael Goldstein, classificou as acusações como “ultrajantes” e “sensacionalistas”, alegando que seu cliente é vítima de perseguição midiática e que as evidências contra ele são circunstanciais. Goldstein também destacou que Chávez Jr. estava em tratamento para dependência química, sugerindo que sua condição pessoal pode ter sido explorada para justificar as acusações.
A prisão de Chávez Jr. gerou grande repercussão no México e no mundo do boxe, especialmente por seu status como filho de Julio César Chávez, uma lenda do esporte. Sua carreira, marcada por conquistas como o título mundial dos pesos-médios pelo Conselho Mundial de Boxe (WBC), tem sido ofuscada por problemas pessoais, incluindo dependência química e polêmicas fora do ringue.
Na audiência de 7 de julho, o tribunal decidirá sobre a deportação e as acusações relacionadas ao porte ilegal de arma. Caso seja deportado, Chávez Jr. será entregue às autoridades mexicanas, onde enfrentará o mandado de prisão pendente. A comunidade do boxe e seus fãs aguardam desdobramentos, enquanto o caso levanta questões sobre a interseção entre esporte, crime organizado e imigração.
Para mais informações sobre o caso, as autoridades americanas recomendam acompanhar os comunicados oficiais do DHS e do ICE.