JSNEWS – Uma ex-funcionária da prefeitura de Boston, Marwa Khudaynazar, de 27 anos, ex-chefe de gabinete do Escritório de Responsabilidade e Transparência Policial (OPAT), alega que sua demissão e a de seu namorado, Chulan Huang, de 26 anos, foi motivada por interesses políticos para proteger Segun Idowu, chefe de oportunidades econômicas e inclusão da administração da prefeita Michelle Wu. A denúncia, publicada pelo jornal The Boston Globe nessa sguda-feira,09 , as alegações da ex-funcionária aponta para um suposto caso de assédio que teria desencadeado uma ‘disputa doméstica’ (barraco) movida por motivações passionais.
O incidente doméstico, ocorrido no último mês em um apartamento no bairro de Chinatown, resultou na prisão do casal por violência domestica e agressão a policiais.
Segundo o relatório policial obtido pelo Jornal Boston Globe, a ‘disputa domestica’ teve origem em uma discussão acalorada entre o casal, motivada por ciúmes de Huang. Ele teria ficado ‘chateado’ ao saber que Khudaynazar, sua namorada, teve um encontro com Segun Idowu, seu chefe, em um bar (buteco) no bairro de Back Bay. Huang alegou à polícia que Khudaynazar “foi a um encontro” com Idowu e, após o ocorrido, voltou ao apartamento do casal para “esfregar isso na cara dele”. Essa percepção de possível ‘traição’ ou provocação por parte da namorada parece ter sido o estopim para a briga, que escalou para agressões físicas mútuas, com marcas visíveis relatadas no relatório policial: arranhões nos pulsos de Khudaynazar e marcas de mordidas em Huang.
Khudaynazar, em entrevista ao Boston Globe, apresentou sua versão sobre o encontro com Idowu. Ela disse que o contato foi casual, ocorrendo em um bar, e que depois desse encontro, Idowu a convidou para acompanhá-lo a um quarto reservado no Hotel Park Plaza, proposta que ela teria recusado. Segundo seu relato, corroborado por mensagens obtidas pelo Bostn Globe, Idowu a beijou sem consentimento fora do bar e insistiu para que ela reconsiderasse o convite, mesmo após ela deixar claro que não era apropriado, porque ele era o chefe de seu namorado. “Você é o chefe do meu parceiro. Sabe que isso não é apropriado”, disse ela ao jornal ressaltando que ela ofereceu apenas uma carona até o hotel, mas declinou ao convite para ir para o quarto com Idowu.
Essa interação, segundo Khudaynazar, foi o que provocou a reação de ciúmes de Huang, levando à discussão que culminou no incidente doméstico. A disputa, portanto, parece ter sido impulsionada por motivações passionais: a raiva e o ciúme de Huang, que interpretou a situação como uma traição, e a frustração de Khudaynazar com o comportamento inadequado de Idowu, que ela descreve como assédio. A ex-funcionária alega que a prefeitura, ao demiti-la junto com Huang, buscou proteger Idowu, uma figura proeminente no gabinete da prefeita Michelle Wu, em um ano eleitoral.
Ambos os envolvidos foram colocados em licença não remunerada imediatamente após o incidente, e a investigação interna da prefeitura resultou na demissão de Khudaynazar e Huang. A administração municipal justificou a decisão afirmando que os dois tentaram usar seus cargos públicos para evitar consequências do confronto com a polícia.
Durante o incidente, Khudaynazar teria mencionado trabalhar para a prefeita e tentado fechar a porta aos policiais, enquanto Huang, já no carro da polícia, destacou que ambos eram funcionários da cidade. “Essa conduta por parte de funcionários municipais é inaceitável”, declarou um porta-voz da prefeitura, negando qualquer violação de leis ou políticas por outros funcionários, incluindo Idowu.
O advogado de Idowu, Jeffrey Robbins, refutou as acusações de assédio, classificando-as como “infundadas e difamatórias” e afirmando que uma investigação municipal não encontrou qualquer conduta inadequada de seu cliente. Idowu optou por não comentar diretamente.
O caso gerou reações políticas. O vereador Ed Flynn, crítico da administração Wu, pediu a renúncia ou demissão de Idowu, apontando falhas éticas em sua liderança. Josh Kraft, candidato à prefeitura, classificou o caso como “preocupante”, acusando a administração de tolerar assédio sexual e proteger os responsáveis enquanto pune as vítimas. “É preocupante que tenhamos uma prefeita que não leva a sério denúncias de assédio por parte de seus assessores sêniores”, disse Kraft, destacando a necessidade de proteção às mulheres no ambiente de trabalho.