Boston, 9 de dezembro de 2025 – Katrina Maclean, artesã de Salem (Massachusetts) conhecida por suas bonecas e objetos “creepy” feitos com materiais exóticos, declarou-se culpada nesta segunda-feira, em tribunal federal, de auxiliar e incentivar o transporte interestadual de bens roubados – neste caso, restos mortais humanos subtraídos da Harvard Medical School.
A acusada, dona do estúdio e loja Kat’s Creepy Creations, em Peabody, admitiu ter comprado e revendido partes de corpos humanos furtadas do necrotério da prestigiosa universidade médica. Segundo documentos judiciais, Maclean adquiria os restos diretamente de Cedric Lodge, ex-funcionário da morgue de Harvard, e os revendia para clientes em outros estados ou em sua própria loja, famosa por vender “curiosidades”, bonecas assustadoras e arte feita com ossos.
Em acordo com a promotoria federal do Distrito Médio da Pensilvânia, Maclean teve a acusação de conspiração retirada em troca da confissão de culpa na outra contagem. A pena máxima prevista para o crime é de 10 anos de prisão e multa de US$ 250 mil, mas os procuradores recomendarão apenas 12 meses de reclusão, conforme o acordo.
De acordo com a denúncia apresentada em junho de 2023, Maclean chegava a entrar pessoalmente na Morgue da Harvard Medical School, com a ajuda de Lodge, para escolher as partes que desejava comprar. Um dos episódios citados ocorreu pouco antes do Halloween de 2020, quando ela adquiriu dois rostos humanos dissecados por US$ 600 cada.
No verão de 2021, Maclean enviou pele humana ao residente da Pensilvânia Jeremy Pauley para que ele a curtisse. Como pagamento pelo serviço, ela enviou mais pele em setembro daquele ano. Em outubro, Pauley transferiu US$ 8.800 via PayPal à artesã pela compra de novos restos mortais.
Além de Maclean, outras quatro pessoas já se declararam culpadas no mesmo esquema: o ex-funcionário Cedric Lodge e sua esposa Denise Lodge; o comprador Joshua Taylor; e Jeremy Pauley, que também respondeu por abuso de cadáver e foi condenado a dois anos de liberdade condicional após a polícia encontrar baldes com partes humanas em sua casa na Pensilvânia.
Cedric Lodge trabalhava no setor de doações anatômicas da Harvard Medical School e tinha acesso irrestrito aos corpos doados para estudo. Em vez de cremá-los ou devolvê-los às famílias após o destino correto, ele roubava peles, cabeças, cérebros e ossos e os vendia em uma rede de tráfico de restos humanos que abrangia vários estados.
“Alguns crimes desafiam a compreensão”, declarou o procurador federal Gerard M. Karam, do Distrito Médio da Pensilvânia, na época da denúncia. “O roubo e o tráfico de restos humanos atingem a própria essência do que nos torna humanos.”
Katrina Maclean aguarda agora a sentença final, ainda sem data marcada. Não está claro se ela continua sendo proprietária ou operando a Kat’s Creepy Creations; o prédio industrial em Peabody onde a loja funcionava já não lista mais o estabelecimento em seu diretório de lojistas.


