FOLHAPRESS – A França iniciou nesta terça-feira (1º) a redução gradativa das restrições impostas para conter a pandemia de coronavírus. Deixam de ser obrigatórios, por exemplo, o uso de máscaras na rua e a limitação de público em espaços culturais.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), porém, lançou um novo alerta pedindo que haja cautela no alívio das medidas. Segundo Maria Van Kerkhove, líder técnica da entidade, muitos países ainda não passaram pelo pico de contágios provocado pela variante ômicron, o que se torna ainda mais grave onde não há altos índices de cobertura vacinal.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, expressou preocupação de que a alta transmissibilidade e a menor gravidade dos casos atribuídos à nova cepa possam levar os países a decidir que medidas de prevenção não são mais necessárias, ou, pior, não são mais possíveis. “Nada poderia estar mais longe da verdade”, disse. “É prematuro para qualquer país se render ou declarar vitória.”
Em entrevista publicada nesta quarta-feira (2) na imprensa francesa, o presidente Emmanuel Macron recomendou que a população se mantenha cuidadosa. “Temos que permanecer vigilantes, pois a pressão nos hospitais ainda é alta.”
A média móvel de casos diários de Covid na França alcançou o pico de 366,5 mil em 25 de janeiro. Desde então, o índice está em queda mas ainda supera a marca de 322 mil novas infecções por dia. Em 2 de novembro de 2021, a média móvel era de 5.288 –o que indica um aumento de quase 6.000% em três meses.
O número de pacientes internados com Covid-19 nos hospitais franceses também segue em alta –eram mais de 32 mil nesta terça, dos quais 3.751 em leitos de UTI.
O número de mortes também cresceu desde novembro (mais de 700%), mas as atuais cerca de 260 vítimas diárias da doença formam uma cifra bem menor que a registrada nos picos da pandemia na França –o que se atribui, entre outros fatores, aos índices de vacinação. Mais de 76% dos franceses completaram o primeiro esquema de vacinação, e 48% receberam doses de reforço do imunizante.
Apesar de os números não indicarem um cenário de controle da pandemia, o primeiro-ministro francês, Jean Castex, anunciou no fim de janeiro a suspensão da maior parte das restrições. Além do uso de máscaras, o trabalho remoto também deixa de ser obrigatório. Espaços culturais e esportivos, como estádios de futebol, não sofrerão mais restrições de público.
O passaporte vacinal, que, nas palavras de Macron, foi pensado para “irritar os não vacinados”, segue em vigor. A partir de 16 de fevereiro, porém, começa ainda uma nova fase de alívio de restrições, quando casas noturnas, fechadas desde 10 de dezembro, poderão reabrir, e os franceses poderão voltar a beber nos balcões dos bares.