Radio France Internationale – A imprensa francesa desta quinta-feira (2) trata de uma rede social que está no centro de polêmicas: o TikTok. Além da questão da suspeita de espionagem de governos, a plataforma chinesa é apontada também como danosa para adolescentes e é alvo de um projeto de lei que será examinado a partir de hoje pelos deputados franceses.
“A vulnerabilidade dos jovens preocupa” é o título de uma matéria do jornal Le Figaro que destaca o projeto de lei que começa a ser debatido nesta quinta-feira na Assembleia Nacional francesa sobre a maioridade digital. Os deputados miram no TikTok e “seu algoritmo viciante”, que capta usuários a partir dos 8 anos de idade, diz o texto.
O diário destaca um estudo realizado pela Fundação Reboot em parceria com o Instituto Francês de Opinião Pública (Ifop) que mostra que 46% das crianças francesas da faixa etária dos 11 aos 14 anos acreditam que o TikTok privilegia fontes confiáveis de informação e 47% pensa que um perfil oficial é sinônimo de expertise em sua área de atuação.
Le Figaro destaca que “para essa população, a plataforma é uma fonte de informação importante”. Segundo o levantamento, “62% dos usuários do TikTok usam o seu motor de buscas ao menos uma vez por mês e 33% ao menos uma vez por dia”.
O assunto é tema de uma reportagem especial do jornal Libération desta quinta-feira. O diário lembra que, apesar de as redes sociais exigirem que os usuários tenham mais de 15 anos para se inscrever, os menores mentem ao certificar sua idade. Segundo uma pesquisa do instituto YouGov, na França, 41% das crianças da faixa etária dos 8 aos 11 anos estão ativas em plataformas como o TikTok, o WhatsApp e o Snapchat.
Eficácia da estratégia francesa
Libé questiona se a futura lei será realmente eficaz já que, para que a estratégia dê certo os aplicativos teriam que adaptar suas técnicas de verificação da idade do usuário ao acordo parental para a utilização das plataformas em questão. De toda a forma, o diário considera a urgência de agir sobre a questão do acesso cada vez mais precoce das crianças às redes sociais para “preservar a saúde mental dos jovens e lutar contra o cyberbullying”.
Mesmo tom do lado do jornal La Croix que lembra que, na França, os adolescentes de 13 a 15 anos já precisam da autorização dos pais e mães para criar um perfil nas plataformas digitais. Abaixo dos 13 anos, a inscrição é proibida, mas facilmente contornada, já que basta indicar uma data falsa de nascimento para criar um perfil. A novidade, segundo o diário, é que o projeto de lei proposto pelo deputado centrista Laurent Marcangeli estipula uma multa de até 1% dos lucros mundiais das plataformas, caso não adaptem seus sistemas de verificação de idade.
Na quarta-feira (1°), véspera do início do debate do texto pelos deputados franceses, o TikTok anunciou que ativará um sistema de advertência a todos os usuários menores de 18 anos a cada hora de utilização. “O menor deverá então informar uma senha para continuar assistindo aos vídeos, acusados de serem particularmente viciantes”, finaliza o jornal La Croix.