JSNEWS – O governador de Nova York, Andrew Cuomo, “assediou sexualmente várias mulheres”, incluindo suas funcionárias – afirmou a procuradora-geral do estado, Letitia James, nesta terça-feira (3), ao anunciar as conclusões de uma investigação independente sobre as acusações feitas contra o poderoso democrata.
“A investigação independente concluiu que o governador Andrew Cuomo assediou sexualmente várias mulheres e, ao fazer isso, violou a lei federal e estadual”, declarou James, em entrevista coletiva.
A procuradora disse ainda que investigação mostrou como Cuomo “assediou sexualmente funcionárias e ex-funcionárias do estado de Nova York, ao avançar com toques não desejados e não consentidos e ao fazer vários comentários de natureza sexual sugestiva que geraram um ambiente de trabalho hostil para as mulheres”.
A investigação também descobriu que Cuomo e sua equipe próxima tomaram medidas de represália contra ao menos uma ex-funcionária por denunciar sua experiência. James disse que as provas encontradas durante a investigação serão publicadas junto com o relatório.
Ao menos oito mulheres, trabalhadoras atuais e ex-funcionárias, denunciaram o que, segundo elas, foram palavras e gestos inadequados por parte de Cuomo, cuja gestão da pandemia de covid-19, por outro lado, foi elogiada em todo o país.
Uma ex-funcionária disse que no ano passado o governador colocou a mão embaixo de sua blusa.
Cuomo nega esses comportamentos de assédio sexual e rejeita os pedidos de renúncia, aos quais se somaram inclusive colegas de partido de Nova York e do Congresso americano.
Em março, o presidente Joe Biden opinou que se as acusações contra Cuomo fossem comprovadas, ele deveria se demitir.
Interrogado por 11 horas
O governador foi interrogado, sob juramento, por investigadores do gabinete do procurador-geral do estado de NY por 11 horas no mês passado como parte de uma investigação sobre as acusações de assédio sexual contra ele.
O interrogatório, que ocorreu no escritório de Cuomo em Manhattan no dia 17 de julho, foi conduzido pelos advogados independentes, Joon H. Kim e Anne L. Clark, que foram designados pela procuradora-geral de Nova York para conduzirem a investigação sobre as alegações de assédio.
As acusações contra o Cuomo incluem uma a de Charlotte Bennett, 25 anos, uma ex-assistente executiva e conselheira de políticas de saúde de Cuomo. Ao NY Times, a mulher relatou que durante um dos vários encontros desagradáveis, Cuomo fez perguntas sobre sua vida sexual durante uma conversa em seu gabinete estadual no Capitólio e disse que estava aberto a relacionamentos com mulheres na faixa dos 20 anos.
Ela interpretou isso como uma “proposta de troca”, que ela disse ter ocorrido em junho de 2020, durante um dos períodos mais agressivos da pandemia no Estado.
Outra ex-assessora, Lindsey Boylan, acusou Cuomo de assédio sexual, incluindo um beijo indesejado após uma reunião individual em seu escritório na cidade de Nova York em 2018.
A reação contra Cuomo o levou a emitir uma declaração na época em que reconhecia que alguns de seus comentários no local de trabalho “podem ter sido insensíveis ou muito pessoais” e disse que “sentia muito” por aqueles que poderiam ter “interpretado mal (seus comentários) como um flerte indesejado.”
Além da investigação sobre as alegações de assédio sexual, Letitia James também está investigando mortes em lares de idosos em Nova York e divulgou um relatório em janeiro que descobriu que o estado subestimava as mortes relacionadas a lares de idosos Covid-19 em cerca de 50%.