Governadores e secretários de Saúde do País cogitam a possibilidade de se unirem em um consórcio, para financiar e distribuir a Coronavac, assim que houver a aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A ideia ganha força diante da possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro ignorar a Coronavac, em desenvolvimento pelo laboratório chinês Sinovac e o Instituto Butantã, por causa de disputas políticas com o governador João Doria (PSDB) e o país de origem do imunizante.
A ideia ainda embrionária, porém, esbarra na dificuldade de se conseguir os recursos necessários para a realização do plano sem o apoio do governo federal. Representantes da gestão Doria pediram aporte de R$ 1,9 bilhão ao Ministério da Saúde no projeto, mas o valor total pode ser maior do que isso. A Coronavac está em fase três de testes, com humanos, a última desse tipo de estudo.
Uma das fontes de recursos estudada para garantir a Coronavac é a Medida Provisória 994, que prevê o aporte de R$ 2 bilhões para a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). O dinheiro é destinado ao desenvolvimento de outra vacina, em parceria com a farmacêutica AstraZeneca, que detém os direitos de produção, distribuição e comercialização do produto desenvolvido pela Universidade de Oxford, do Reino Unido. Esse é outro dos imunizantes na etapa final de testes e pesquisas.
A ideia seria conseguir, durante a tramitação da MP no Congresso, a destinação de parte do montante para o Instituto Butantã e à pesquisa da Coronavac. O governador do Maranhão, Flavio Dino (PCdoB), admite que a ideia do consórcio já foi cogitada, mas acredita que haverá outra solução antes disso. Na quarta-feira, 21, em vista a Brasília, o diretor do Butantã, Dimas Covas, disse que, caso a vacina seja aprovada pela Anvisa, as 46 milhões de doses estarão disponíveis para imunização dos brasileiros quer o governo federal decida pela sua aquisição – para incorporação ao Plano Nacional de Imunização (PNI) – ou não.
“A questão será o financiamento. Neste momento é uma questão crítica porque obviamente essas vacinas têm custo”, disse Covas. “Resta saber quem irá financiar as vacinas”, completou. Indagado sobre a possibilidade de consórcio também na quarta, Doria disse que, neste momento, o objetivo é que a vacina seja adquirida pelo Ministério da Saúde e distribuída gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).