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Washington, 30 de dezembro de 2025– A administração do presidente Donald Trump pretende reformar armazéns industriais em todo os Estados Unidos para criar centros de detenção capazes de abrigar simultaneamente até 80 mil imigrantes detidos à espera de deportação, segundo documentos internos da Imigração e Alfândega (ICE) revelados pelo The Washington Post.
De acordo com o jornal, que citou um rascunho de solicitação de propostas a contratantes privados, a ICE procura reformar pelo menos 23 instalações de armazéns. O plano inclui sete grandes centros de retenção, cada um com capacidade para entre 5 mil e 10 mil pessoas, localizados em cidades como Stafford (Virgínia), Hutchins e Baytown (Texas), Hammond (Louisiana), Glendale (Arizona), Social Circle (Geórgia) e Kansas City (Missouri).
Além disso, estão previstos 16 centros menores de processamento rápido, com capacidade para 500 a 1.500 pessoas cada, em locais como Los Fresnos e El Paso (Texas), Hagerstown (Maryland), Highland Park (Michigan), Jefferson (Geórgia), Jupiter (Flórida), Merrillville (Indiana), Merrimack (New Hampshire), Oklahoma City, Port Allen (Louisiana), Roxbury (New Jersey), Salt Lake City, San Antonio, Tremont (Pennsylvania) e Woodbury (Minnesota).
O projeto ainda está em fase de rascunho e pode sofrer alterações, mas visa criar um “sistema de alimentação” mais eficiente, evitando transferências desnecessárias de detidos entre estados e acelerando as deportações em massa previstas para 2026.
Atualmente, a ICE detém um número recorde de imigrantes: mais de 68 mil pessoas, segundo dados mais recentes da agência, um aumento dramático em relação aos menos de 20 mil registrados em janeiro de 2023, durante a administração Biden. Em dezembro de 2025, as prisões já ultrapassaram as 44 mil apenas neste mês.
O plano é financiado em grande parte pela “One Big Beautiful Bill Act”, lei orçamentária assinada por Trump em 4 de julho de 2025, que destinou bilhões de dólares adicionais para expansão da detenção e enforcement imigratório, incluindo cerca de 45 bilhões especificamente para ampliação de vagas em centros de detenção.
A secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, destacou os avanços da administração em comunicado recente: “Em menos de um ano, o presidente Trump entregou algumas das conquistas mais históricas e consequentes da história presidencial – e esta administração está só começando”. Noem afirmou que já ocorreram mais de 622 mil deportações desde o início do segundo mandato de Trump, além de 1,9 milhão de autodeportações.
Para incentivar saídas voluntárias, o Departamento de Segurança Interna (DHS) aumentou temporariamente o incentivo financeiro para autodeportação: até o fim do ano, imigrantes indocumentados que se inscreverem pelo aplicativo CBP Home recebem um estipêndio de 3 mil dólares, além de passagens aéreas pagas – um aumento em relação aos mil dólares oferecidos anteriormente.
Noem exortou os imigrantes a aproveitarem a oferta: “Devem aceitar este presente e se autodeportar, porque se não o fizerem, nós os encontraremos, os prenderemos e eles nunca poderão voltar”.
O plano tem gerado controvérsias, com críticos apontando riscos de condições desumanas em armazéns não projetados para habitação humana, como problemas de ventilação, saneamento e controle de temperatura. A reportagem entrou em contato com autoridades da ICE e do DHS para confirmação dos detalhes, mas não obteve resposta até o momento. A história será atualizada caso haja novos posicionamentos.


