JSNEWs – O governo de Donald Trump planeja revogar o status migratório temporário de proteção (TPS) de cerca de 240 mil ucranianos que buscaram refúgio nos Estados Unidos devido ao conflito com a Rússia, informou a agência Reuters de noticias. Essa medida, prevista para entrar em vigor em abril, prevê a deportação célere desses indivíduos e sinaliza uma ruptura profunda com a política de acolhimento promovida por Joe Biden, antecessor de Trump.
Fontes do alto escalão da administração, consultadas pela Reuters sob anonimato, afirmam que os preparativos para tal revogação precedem o recente atrito entre Trump e o presidente ucraniano, o Sr. Volodymyr Zelensky.
Além dos ucranianos, o governo Trump almeja cancelar, ainda neste mês, o status de liberdade condicional de cerca de 530 mil cubanos, haitianos, nicaraguenses e venezuelanos. Um e-mail interno do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega (ICE), que a Reuters afirma ter obtido, revela que a perda desse status submeterá os migrantes a processos acelerados de deportação, sobretudo aqueles que ingressaram legalmente, mas sem admissão formal, como os beneficiários de liberdade condicional.
A decisão insere-se em um projeto mais amplo de Trump para suprimir o status legal de aproximadamente 1,8 milhão de migrantes contemplados por programas humanitários temporários da gestão anterior. Uma ordem executiva, assinada em 20 de janeiro, instruiu o Departamento de Segurança Interna (DHS) a extinguir essas iniciativas.
Contraste histórico brutal
Tais ações espelham uma concepção restritiva da imigração, ancorada em narrativas culturais e políticas que privilegiam a soberania nacional e a segurança fronteiriça em detrimento da tradição americana de hospitalidade aos exilados.
Historicamente, os EUA acolheram 125 mil húngaros após a repressão soviética de 1956, oferecendo refúgio a quem fugia da tirania, e abriram portas a mais de 400 mil sul-vietnamitas após a queda de Saigon em 1975, reconhecendo o dever moral de amparar os deslocados por conflitos.
Hoje, a política de Trump contrasta brutalmente com esses precedentes: deportar ucranianos pode significar enviá-los a uma nação devastada pela guerra desafiando a lógica humanitária que outrora definiu a identidade americana.
Nacionalismo extremo
A Estátua da Liberdade, emblema de esperança para os “fatigados e oprimidos”, contrapõe-se a episódios de exclusão, como as leis anti-chinesas do século XIX e as cotas restritivas da década de 1920.
A administração Trump intensifica esse conflito, abraçando um nacionalismo extremo que rejeita iniciativas como o “Uniting for Ukraine” e o “CHNV” (Cubanos, Haitianos, Nicaraguenses e Venezuelanos), consideradas por opositores como expressões legítimas da solidariedade humanitária. Esses programas, instituídos por Biden, buscavam criar vias legais temporárias para mitigar a imigração irregular e oferecer auxílio, alcançando também mais de 70 mil afegãos escapados do Talibã e 1 milhão de migrantes via aplicativo CBP One. Trump, em campanha, denunciou tais medidas como “excessos legais”.